#365Posts – Configurar computador alheio? Não, Obrigado.
Sempre tive facilidade de entender mecanismos e circuitos (mais até estes do que aqueles), e durante muitos anos da minha vida profissional fui aquele programador que andava com uma chave Philips no bolso da camisa, sempre pronto a consertar uma impressora ou um PC no intervalo entre um sistema de livros fiscais e outro de controle de estoque.
Até eu ter a alegria de comprar meu primeiro Mac vivia às voltas com meus PCs desmontados, estrebuchados, e tinha de escolher entre passar metade do tempo formatando a máquina por causa do Windows, ou compilando coisas no Linux porque, naquela época, praticamente não havia drivers para nada.
É claro que as pessoas me pediam muito para consertar o PC delas, e ter de consertar PC alheio era a única coisa que me causava mais desprazer do que ter que consertar o meu próprio.
Felizmente, hoje eu não conserto mais computadores, nem alheios nem os meus. Mas isso não significa que eu esteja isento de que me peçam esse tipo de coisa.
Principalmente em situações sociais, é normal que quando as pessoas saibam que eu trabalho por causa do computador, com ele, nele, sei lá, seus olhinhos brilhem e elas digam algo do tipo:
— Você entende de computador! Que legal! Poderia dar uma olhada no meu pra ver por que ele está tão lento?
Eu sempre saio dessa sinuca falando a verdade: já há muitos anos que nem ao menos chego perto de um Windows, o último em que lidei foi o Windows XP, mas bom mesmo era o Windows2000 Server em Inglês.
Mas há uma outra situação que me persegue, que é a de configuração de servidores.
Como sabem, sou o feliz proprietário da melhor empresa de hospedagem web do mundo. E essa qualidade tem um preço que nem todo mundo quer ou pode pagar — o que nem de longe me incomoda, pois sou da opinião que há espaço para todo mundo no mercado.
Vira e mexe alguém entra em contato perguntando se eu poderia fazer a otimização do servidor que eles alugam mais barato, diretamente com um fornecedor gringo, e a resposta depende do meu humor: se estou de bom humor, explico que não, que este serviço só fazemos para os clientes da nossa empresa; se estou de mau humor digo que sim, e peço um valor estratosférico, tipo cinco mil Reais por máquina, o que ninguém até hoje topou pagar.
A bem da verdade, admito que na época das vacas anoréxicas eu até pensei em topar algumas dessas propostas. Felizmente nunca cedi à tentação, porque embora se tratasse de um trabalho honesto e todo dinheiro que entrasse fosse bem aceito, eu sempre soube que haveria o pós-venda, os pedidos de “garantia” em aspectos nada relacionados ao serviço que eu tivesse prestado, bem como qualquer imprevisto (como um DDoS) ficar, para todo o sempre, vinculado à imagem “do cara que pegou a senha do root e mexeu no servidor”.
Além disso, eu estudo diariamente para manjar dos paranauê de otimização de servidores e em consequência oferecer o melhor serviço que me seja possível para os meus clientes. São eles, ao pagar a mensalidade da hospedagem de seus sites, que bancam essa formação constante. Assim, não seria justo que eu desviasse o benefício oriundo deste aperfeiçoamento constante a quem não ajuda a financiar o meu processo de renovação e qualificação.
Bela atitude Jânio, mais do que certa, algumas pessoas tendem a relativizar muito todo o conhecimento que a gente adiquire como se não valesse nada e como se não fossemos deixar de fazer algo para fazer aquilo que a pessoa pede. Engraçado que de graça ninguém quer trabalhar mas adora pedir pra gente que entende de algo fazer alguma coisa na camaradagem.