#365Posts – Invista em autoconhecimento para alcançar um trabalho melhor
Uma das reclamações mais comuns entre as pessoas da dita “classe média” (sem ironias ou trocadilhos) é a de que seus empregos são ruins: pagam pouco, exigem muito física ou mentalmente, não são desafiadores, e por aí vai. As publicações especializadas não ajudam muito a melhorar essa impressão geral, uma vez que impõem um certo padrão como sendo o “sucesso de quem chegou lá” (seja onde for esse “lá”), causando ainda mais cobiça e humilhação naqueles que têm menos do que a revista diz que é o patamar do profissional médio.
Não quero entrar no mérito dessas falácias, mas sim sugerir algo a quem queira escapar dessa armadilha invisível do esquema humilhação → impotência → inveja → culpa → humilhação.
A sugestão que tenho pra dar é que quem quiser empregos melhores invista em educação, formação técnica, e principalmente em autoconhecimento. Não que todo mundo tenha que fazer terapia (dica: todo mundo deveria fazer, sim). Mas saber-se como indivíduo, conhecer seus mecanismos interiores, seus motivadores mais profundos, pode (e vai) levar a pessoa a um nível tal que suas potencialidades e fraquezas não serão mais incógnitas, fazendo com que o acaso deixe de ter grande poder sobre o seu destino.
Lembro de um cara que trabalhou comigo numa determinada empresa. Tinha fama de incompetente, relapso, e a despeito de seu conhecimento (muitas certificações Microsoft, tantas quantas eu jamais terei) vivia insatisfeito com o que fazia. Um dia, num almoço, descobri que o cara era qualquer coisa menos técnico em montagem e desmontagem de PCs, e que o seu verdadeiro talento, sua verdadeira capacidade de brilhar, era começando novos negócios. Nada de dar continuidade ou terminar, apenas começar. Ele então concluiu a faculdade, e empregou-se como consultor fixo do SEBRAE ou uma instituição dessas. Passou a ensinar pessoas a iniciar seus próprios negócios, a acompanhá-las nos desafios iniciais, que são os que ele realmente gosta de vencer. Nunca mais reclamou da vida, e está cada vez mais enchendo a burra de dinheiro.
Já um outro amigo meu, profundo conhecedor de sua área de atuação, alto nível de instrução (estou falando de doutorado), ao conhecer-se bem o suficiente rompeu com toda essa patifaria do “sistema” vigente: demitiu-se da empresa em que trabalhava, assumiu o risco de ter de ganhar menos dinheiro se necessário, e foi fazer o que ele realmente ama fazer. Eu também fiz isso, creio que tivemos nosso “surto” de iluminação na mesma semana (pelo menos em datas próximas com certeza foi), e posso dizer de cadeira: hoje, nenhum de nós tem milhões de Reais, ou coisas que as revistas focadas em carreira e sucesso profissional consideram sinais de que teríamos “chegado lá”. Mas nós chegamos aonde queríamos, e até mesmo as eventuais dificuldades são bem mais fáceis de gerenciar por um simples motivo: nem meu amigo nem eu precisamos fingir ser o que não somos em nome de nos adequarmos ao “sistema”.
Em breve vou abrir um processo seletivo para contratar gente para a melhor empresa de hospedagem do mundo. Espero, sinceramente, encontrar pessoas que se conheçam, que saibam do que gostam, e que não sejam guiadas pelo que dita a moda, mas sim pelos seus corações. Se eu tiver a sorte de encontrar colaboradores que se conheçam e se respeitem, aí tenho certeza que poderei oferecer a eles o melhor emprego do mundo.