#365Posts – Marketing de descontos pra mim é burrice
Já escrevi no passado sobre o quanto me desagradam os estabelecimentos que apelam para estratégias de marketing de descontos. Basicamente, e eu sei que isso é preconceito meu, a impressão que tenho é que estabelecimentos que apelam para este tipo de estratégia de venda (que todo mundo hipocritamente chama de divulgação) está em franco processo de falência.
Anunciar com essas empresas de descontos (ou efetuar vendas por intermédio deles, como queiram) é bastante dispendioso: as comissões oscilam em torno dos 30%, e a fim de conseguir vendas o intermediário sugere com muita veemência, mas muita mesmo, que o desconto para o consumidor final seja bem considerável, acima de 50%. Além disso, o comerciante demora 30 dias para receber. Trinta dias depois do término da oferta, o que em alguns casos pode chegar a dois ou três meses de espera.
Não precisa ser muito inteligente para ver que um cliente desses custa muito caro, e talvez só venha a dar lucro na próxima compra, já pagando o preço cheio.
Se eu fosse vender alguma coisa usando marketing de descontos, o mínimo dos mínimos que eu almejaria seria ficar com o cliente para mim, fidelizá-lo. Mas o que eu vejo em todas as empresas que prestam esse tipo de serviço com esse tipo de marketing é bem o contrário: as empresas não fazem nada para cativar o cliente!
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Exemplos de burrice atrelada ao marketing de descontos
Creio que alguns exemplos vão deixar mais claro meu ponto de vista, vão fazer mais gente entender por que eu acho esse marketing de descontos a prova mais cabal de burrice que um comerciante pode fazer, se não raciocinar.
Rodízio de carnes nobres com moela e pés de frango ensopados
Fui a um restaurante que estava, para meu azar, fazendo uma grande campanha de marketing de descontos (dois mil cupons vendidos para serem consumidos num intervalo de apenas cinco dias).
Acostumado com a qualidade normal do lugar, me caiu os butiá do bolso quando na pista quente, em vez de carnes nobres, havia um caldeirão com moela de frango, e um outro com pés do referido bípede palmípede. Gente, desde quando que moela e pé de frango são carnes nobre?
Eu não volto mais lá, porque pagar preço de filé pra que me ofereçam pés de galinha e moela é um acinte. Deve até existir, não sei, algum dispositivo legal que justifique o assassinato sob tais circunstâncias, por ser defesa da honra.
“Mês que vem a gente vai anunciar de novo”
Outro dia fui a um restaurante que também estava explorando uma ação dessas num site de descontos. Eu fui com um cupom de desconto para ver qual era a dos caras. E lá fiquei positivamente impressionado com o serviço e a qualidade, principalmente porque eu tinha comprado com um desconto de 50%.
Na saída comentei com o dono do restaurante que havia gostado de tudo, e que com o desconto que eu obtive a relação entre custo e benefício estava imbatível. Aí o quadrúpede, com a cara de simpático que ele melhor conseguiu ensaiar, respondeu: “fica de olho no site tal, porque no mês que vem vamos anunciar de novo”.
Como aproveitar com inteligência as ações de marketing de descontos
Se a pessoa decidir realmente se utilizar de marketing de descontos para promover seu negócio, acredito que algumas regras precisam ser observadas para tirar o melhor proveito da oportunidade.
- Não oferecer um produto inferior aos que normalmente a pessoa encontraria no estabelecimento. Ou seja, nada de pés de galinha no rodízio de carnes nobres, só porque vai ser para servir clientes do site de descontos.
- Não permitir a compra de mais de um cupom de desconto por CPF.
- Uma vez que o cliente esteja na loja, o comerciante tem o período dessa visita para conquistar a sua fidelidade. Ou seja, convém estar preparado para exceder as expectativas do cliente, de forma a aumentar as chances de que a experiência gratificante fique gravada na memória emocional do sujeito, que quando quiser se sentir bem novamente vai associar a sensação desejada ao lugar onde ele a teve.
- O cliente não pode mais ser do site de descontos, uma vez que ele vire consumidor. Ou seja, nada de “mês que vem vamos anunciar de novo”. Se o cliente gosta de descontos, e se o estabelecimento tem condições de dar descontos vultosos sem comprometer seu equilíbrio financeiro, o comerciante tem a obrigação de criar algum mecanismo (um mailing, um cartão de fidelidade, qualquer coisa) que lhe permita oferecer descontos diretamente ao consumidor, sem precisar pagar uma nova comissão ao intermediário.
Sério, gente, qual o custo de se criar um cadastro de emails para enviar ofertas exclusivas para os clientes cadastrados? Zero, eu digo. Aposto que para ficar passando correntes e PPTs ninguém pensa em custos, por que um investimento que é para trazer receita para o estabelecimento esse custo irrisório deveria ser considerado?
Neste desabafo estou exemplificando com os restaurantes, porque são os anunciantes mais frequentes e cujas atividades acabam me afetando mais diretamente (clínicas de depilação, outro nicho que anuncia bastante, não costumam contar com visitas minhas, com ou sem desconto). Porém, a ideia geral é a mesma: esse cliente com um cupom de desconto em mão custou caro, não o desperdice.