#365Posts – Solidão: o mal do século

Creio que todos já ouviram a máxima “nenhum ser humano é uma ilha”, certo? Essa pequena frase é a confirmação do mito “metade da laranja”. (Sim, precisamos do outro para ser feliz.)

“Nenhum ser humano é uma ilha” porque precisamos de identificação, precisamos nos identificar em outro ser humano e o amor sexual entre duas pessoas é a identificação plena.

Por isso, pela identificação, é que grupos de mútua ajuda funcionam. Dependentes químicos, por exemplo, primeiramente o são porque sua droga de preferência (álcool, THC, barbitúricos, etc) os faziam se sentir iguais ao todo.

Isso durou até seu limite físico e psíquico, mas na opção por uma vida sem drogas, o recuperado precisou do grupo para se identificar, muito das vezes nem na própria família ele tem a segurança emocional que encontra em seu grupo de mútua ajuda.

Identificação é algo muito além de coincidência de interesses, do compartilhamento de uma meta. Identificação é segurança emocional plena, aquela que reduz a zero os problemas imaginários e dá a devida dimensão aos problemas reais do dia a dia.

Uma pessoa que sofre de solidão, para ela tudo é mais difícil, tudo é mais complicado, sua vida quotidiana exige esforços maiores para ser tocada. Se dados os mesmíssimos problemas e vida quotidiana a alguém emocionalmente equilibrado, seria tudo tocado com racionalidade.

E qual a razão dessa dificuldade em identificação com outro ser humano, porque mesmo estando em um estádio lotado em meio à torcida de seu time, torcendo, estando na mesma sintonia que todos ali, a sensação de solidão persiste?

Porque, tudo o que fazemos, seja estar em grupos de determinado interesse seja torcendo por um time, seja desenvolvendo um trabalho social, religioso ou comunitário, isso apenas nos chega como camuflagem, está longe de ser identificação.

Conheço uma experiência real de despojamento do ego, a pessoa teve um ápice de humildade e se viu livre por uns segundos de todos os seus desejos e projeções, um curto circuito em sua psique levado pela vontade extrema.

Olhem aí o ego, sempre ele né?

O ego somos nós, nós é que pertencemos a ele, nunca o contrário. E o ego vive os tempos modernos, ele se alimenta do que deixamos ele se alimentar. O ego se alimenta do padrão imposto pelo modo de vida de seu tempo.

Querer o homem/mulher sarado(a), bonito(a), gostosão(ona) e rico(a) é a felicidade de folhetins (novelas e comerciais do sucesso), é padrão do ego, hoje.

Estivéssemos antes da Revolução Industrial, bastava à mulher que não sofresse violência física, pois procriar até morrer se preciso fosse, ser escrava do lar, marido e filhos, era a normalidade.

hoje, as projeções pessoais do ser humano estão continuamente sob pressão do consumismo, do bombardeio de informações. Somos hoje, o ser que quer “tudo agora já ao mesmo tempo”. Inclusive, o amor idealizado, o qual moldamos segundo modelo imposto pela vida moderna que pede certo exibicionismo do sucesso conquistado. (“Todo mundo tem seu direito aos quinze minutos de fama” — Andy Warhol)

O mundo exterior, do qual somos reféns, nos pressiona ao sucesso até no amor! não dá mesmo para não se sentir solitário, não tem como não sentir uma “metade da laranja”.

A identificação que elimina a solidão pode ser obtida dominando ou sendo dominado.

Dominando ora, mais cedo ou mais tarde os dominados se rebelam.

Dominado, é a negação da individualidade, é anular-se para a projeção do ser.

(O espécime masculino de hoje, com o avanço dos direitos da mulher, perdeu o domínio e sofre hoje, na devida proporção numérica, desse mal, a solidão.)

São ambas as relações, doentias, que mais dia menos dia recaem , retornam ao ponto zero, o fundo do poço da solidão.

E a solidão, tem cura, qual seria ela, fora dos psicotrópicos que se toma ao deitar?

O primeiro e mais importante passo é esse dado a quem chegou até aqui, o conhecimento. Se você leu atenciosamente até aqui, eis um tiquinho de conhecimento que você acumulou em seu benefício, em benefício daqueles com quem conviva e ame, em benefício de seu meio social como todo.

A cura, é um exercício permanente, escrevo sobre depois.

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