Abaixo a Diplomacia Hipócrita (ou Vaselinagem)

Acho bem pouco provável que algum leitor aqui do Blogue do Janio não saiba o significado da expressão “vaselinagem”, bem como suas formas correlatas: “fulano é um vaselina”, “já vem sicrano me vaselinando”.

Mas caso alguém não saiba, “vaselina”, aquele lubrificante à base de petróleo, remete à ideia de um ato de sodomia. Quando alguém diz “fulano é um vaselina”, na verdade ele está te alertando que o que vem não é exatamente uma massagem nas costas, mas uma invasão pederasta de sua intimidade.

Longe de mim fazer qualquer juízo sobre as atividades sexuais de outrem. Sempre digo que se não mexer com as crianças, acho tudo válido (para os outros, para mim tenho critérios). Mas apesar disso imagino que apesar de toda a riqueza humana na criação de fetiches, ninguém — nem mesmo os adeptos da pederastia voluntária — apreciam ser enganados e enrabados num momento de descuido.

Apesar disso, a cada dia vejo-me mais enfarado de falsos diplomatas, hipócritas que disfarçam sua prepotência numa atitude ensaiada de cortesia e amabilidade que não dá espaço ao discurso direto, à conversa franca, que a gíria resolveu definir muito bem como “papo reto”.

Fico na dúvida se a motivação dessas pessoas para agirem assim se dá exclusivamente porque realmente desprezam o outro como ser humano, ou porque são tão inseguras que precisam estar o tempo inteiro se autoafirmando para poder seguir em frente sem cair num precipício interno de autocomiseração e desvalia.

Seja como for, a “vaselinagem” (gramaticalmente o correto seria “vaselinamento”) demonstra desrespeito com a outra pessoa, e ausência total de autoconhecimento.

O vaselina nunca diz que tem um problema e precisa de ajuda. Ele chega com uma conversa mole, chamando o interlocutor de amigo, fazendo elogios, para num dado momento dar a estocada verbal, que sempre implica sugerir que o “amigo” seja o culpado pelas mazelas do vaselina (que se acha o senhor perfeito em tudo, que não erra, sequer se equivoca).

É claro que ao ser confrontado pela verdade o vaselina não hesitará em pedir desculpas e encher a pessoas ofendida pelas suas insinuações decoradas com elogios e frufrus, como se fosse um cagalhão recoberto de purpurina. Mas se acontecer de um vaselina agir assim com você, não se engane: em sua prepotência, pedir desculpas é apenas uma maneira de encerrar o assunto que lhe dá no saco. Quando o vaselina diz “me desculpe, eu estava errado” na verdade ele quer dizer “eu te odeio por tentar me botar para baixo, seu desgraçado, e vou dizer que concordo e pedir desculpas porque você é tão insignificante que não merece nem mesmo meu desprezo”.

Por um mundo melhor, abaixo a vaselinagem! Viva o papo reto!

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