A Maldição da Velha do Banheiro
Correndo o risco de ser chamado de mentiroso, confesso aqui e agora: estou traumatizado de ir ao banheiro da minha casa.
É bastante conhecida a lenda urbana da Loira do Banheiro, que ataca alunos que gazeiam aula escondidos no banheiro da escola.
Pois aqui em casa tenho uma outra maldição, que não é uma loira fantasma, mas sim uma velha insuportável que mora, presumo, em um apartamento vizinho, passa o dia inteiro reclamando, e sua voz irritante invade sem permissão meu domicílio pelos espaços abertos para ventilação do banheiro.
Não sei com quem essa bruxa briga o tempo todo, mas seja quem for sua vítima direta, é um santo ou santa (presumo que seja o marido o próximo candidato à beatificação).
Quem viu Tieta na televisão há de lembrar-se da Perpétua, magistralmente interpretada pela talentosíssima Joana Fomm.
Pois a velha não tem a voz da Joana Fomm, mas tem o mesmo sotaque, o mesmo vocabulário e o mesmo mau humor crônico da beata sofredora. Nunca a vi mas tenho certeza que tem gente que (assim como a Loira do Banheiro), então não posso atestar que ela use peruca e esteja sempre vestida de preto e com um guarda-chuva em mãos.
A maldição é tão terrível que não tem hora pra essa pessoa ficar reclamando doidamente: já aconteceu de eu levantar para tirar água do joelho às cinco da manhã, e a voz dela continuar ecoando no banheiro. Chego a pensar até que nem seja mais a voz saindo da boca do estropício, mas sim o eco que reverbera nos azulejos do banheiro ou no poço de luz.
E quer saber do que mais? Quando o flagelo do mau humor (também conhecido como “a velha”) fica só em casa e não tem com quem brigar, sabe o que ela faz? Ela pega o telefone e liga, sei lá eu pra quem, e fica horas xingando e reclamando, repetindo-se sem parar. Só pode ser VOIP, ou então é pulso único, ou ela deve gastar rios de dinheiro na conta telefônica!
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Possíveis soluções para o problema
É claro que não haveria sentido algum em eu reclamar da maldição da velha do banheiro e nem ao menos cogitar soluções politicamente corretas para transformar a situação.
Aparelho de som no banheiro
A possível solução mais óbvia que encontrei foi a de instalar um sistema de som no banheiro.
Para os dias em que a velha estivesse mais calma, uma musiquinha de elevador. Para os dias mais nervosos, System of a Down.
Sem contar que — tudo bem que a vingança é uma merda — eu sempre poderia contratacar com algo que eu viesse a descobrir que ela odeia.
Fone de ouvido
Uma solução mais discreta, variação da hipótese anterior, seria adotar o uso de fones de ouvido.
Como vantagem, este método automaticamente me protegeria da tentação de me vingar do estropício. Porém, teria a desvantagem de me obrigar a não tomar mais banho — a não ser me sujeitando à voz irritante da mulher.
Conta no Twitter
Talvez essa seja a solução mais eficaz e mais humana para o assunto. Afinal, todos sabemos que o Twitter foi inventado para as pessoas poderem xingar muito.
A velha poderia xingar o quanto quisesse, até de maneira mais eficiente, pois ela poderia agendar os xingamentos para as horas em que ela estivesse dormindo, não afetando, assim, sua produtividade belicosa.
Além do mais, com o tempo livre gerado pelo agendamento das reclamações a Dona Infortúnia lá poderia abrir uma conta no Feice e ficar sensualizando pra cima das pessoas. Vai que, né?
Mais importante que isso: no Twitter desgraça pouca é bobagem, e ela até poderia arrumar um emprego de especialista em mídias sociais (sênior, claro), e eu sempre poderia dar um block nela, ou deslogar e nunca mais ser incomodado!
Que solução você daria?
Creio que as minhas soluções não sejam as melhores. Você deve ter sugestões muito mais inteligentes e interessantes que as minhas.
Por favor, use os comentários, e me ajude a solucionar essa maldição! Só não pode usar violência (se pudesse eu mesmo já teria feito algo em vez de pensar sobre o assunto) nem magia ou bruxaria. Obrigado!