Apple: será o fim do amor?
Desde que comprei meu primeiro Apple (um Macbook preto, edição limitada, lindo) que tornei-me “apaixonado” pela marca. Entre aspas, porque se tem algo que não me seduz é fanboyzismo puro e simples. Ou seja, sempre indiquei e sugeri, porque sempre preferi a marca, devido aos benefícios que ela até então trazia para a minha vida.
Entretanto, é fato que a Apple destruiu meu coração (ui), e é bem provável que eu já não esteja mais a fim de juntar os cacos.
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Obsolescência Programada
Não creio que seja novidade para alguém ainda que a indústria produz coisas programadas para deixar de prestar dentro de algum tempo.
Com a Apple, claro, não é diferente.
Entretanto, desta vez a obsolescência programada, que sempre é dolorosa para quem é proprietário de um item que automaticamente vira sucata de um momento para o outro, foi um tanto mais cruel: a empresa resolveu simplesmente acabar com o suporte ao iPad original (também chamado de iPad 1) na próxima versão do seu sistema operacional para dispositivos móveis, o iOS 6.
Ora, durante muitos anos até mesmo os aparelhos mais antigos, como iPhone 3 anterior ao 3GS) tiveram garantidas suas atualizações de sistema operacional, mesmo que isso implicasse a necessidade óbvia — devido às limitações físicas de hardware mais antigo — de capar funcionalidades ou recursos nestas plataformas “velhas”.
Acontece que o iPad original tem apenas dois anos de vida, pouquinho mais. Embora seja menos avançado que os seus sucessores, ele conta com um hardware muito poderoso, e não sou o único a acreditar que tenha fôlego para pelo menos mais uns três anos cumprindo bem as tarefas a que se destina.
Aí vem a Apple de lá, e simplesmente relega à condição de sucata todo um parque instalado de milhões de tablets praticamente novos, fazendo com que os appletards sequer possam usar o argumento de que iOS é melhor do que o Android porque não ignora as versões menos recentes do hardware.
Em minha opinião, se o Jobs estivesse no comando da empresa isso seria algo que não se veria desta forma.
O adeus ao Google Maps
Tradicionalmente, todas as novas versões do iOS trouxeram benefícios aos usuários, comparadas à versão anterior. Porém, o iOS 6 vai na contramão desta tendência.
A única novidade que consigo lembrar a respeito do iOS 6 não diz respeito a nenhum recurso novo, mas sim à substituição do Google Maps, programa maduro, eficiente e confiável de mapas, pelo produto da própria Apple.
Ora, eu nunca escondi que tenho um péssimo senso de orientação. Morei dez anos em Porto Alegre, e não aprendi a usar o transporte coletivo da cidade, e se preciso me deslocar de um ponto a outro dependo de todo auxílio possível e imaginável. Se morando dez anos em Porto Alegre não aprendi a conhecer a cidade, no Rio de Janeiro há um ano e meio as coisas não são necessariamente melhores.
Isto me faz um usuário quase compulsivo dos programas de mapas do celular. Tenho uma cerveja marcada com os amigos em Copacabana? Só o programa de mapas para me ajudar a localizar a rua. Quero comprar alguma coisa numa loja do Centro? Google Maps é meu guia. Perdi a carona para voltar pra casa e preciso ir até uma avenida para tomar um táxi? Adivinha quem me mostra o caminho!
Eu não vou atualizar meu iPhone para iOS 6 justamente porque o programa de mapas da Apple não tem cobertura nem do Rio de Janeiro! Haja vista a importância da cidade no cenário internacional, talvez até dêem um jeito de enfiar uns mapas bem mais ou menos para os turistas pelo menos localizarem as atrações principais da cidade. Mas duvi-de-o-dó que façam o mesmo por Ribeirão Preto, por exemplo.
“E seu eu me interessar por alguém?”

Creio que quando compôs os versos a que aludo agora o Peninha não estivesse pensando em fabricante de computadores, ou coisa parecida. Mas a metáfora cai como uma luva aqui também.
Microsoft Surface
A Microsoft anunciou ontem o Surface, seu novo tablet que vai rodar Windows 8 sobre hardware proprietário.
Resumindo numa única frase: estou seduzido pela possibilidade de ter no meu tablet os mesmos programas que uso no meu desktop, e não versões adaptadas deles. Mesmo que a Apple faça o Mac OS interpretar o código feito para iOS (já que o contrário tende muito mais para o lado do impossível), a separação dos mercados já existe, e a chance de alguém que ainda não comprou um tablet preferir um que reproduza a mesma experiência do desktop a um que obrigue a aprender tudo de novo é imensa.
Mas, honestamente, não estou preocupado com a massa que tem medo de aprender a usar um novo sistema. Estou pensando única e exclusivamente na minha comodidade e conforto, e como já falei antes, se eu puder usar meu tablet para fazer as mesmas coisas que faço no meu desktop, então estarei muito mais feliz com o investimento que tiver feito.
As coisas podem mudar até o início das vendas do Surface, que acredito não será o que se chamaria de um aparelho barato. Mas neste momento é com toda a honestidade que digo que sou um forte candidato a trocar o iPad com Retina Display (tenho astigmatismo e sou míope mesmo, nem consigo tirar todo proveito dessa resolução absurda) por um portátil capaz de se tornar um ultrabook com o simples adicionar de uma capinha com teclado embutido.
Galaxy Note
Se por um lado minha fidelidade ao iPad está em risco pela tentação implicada pelo ainda praticamente inexistente Surface, os vínculos com o iPhone perdem força graças a um concorrente que muitos odiaram e criticam sem nem saber do que estão falando: o Samsung Galaxy Note.

Devido à generosidade de um amigo, estou com um Galaxy Note em uso já há quase uma semana. E já considero seriamente a hipótese de abrir mão da facilidade das mensagens gratuitas via iMessage (tem WhatsApp) e ficar com o Note como espertofone primário.
As principais características do Note, as que mais me agradam, são as que seguem.
- Display: a tela grande, que muitos criticam por tornar o aparelho em algo indefinido (grande demais para celular, pequeno demais para tablet) é uma das características mais bacanudas do Note. Gosto do espaço na tela, de não ter que ficar espremendo os olhos para ler qualquer coisinha. Sem contar contraste, fidelidade aos detalhes, brilho, contraste, enfim, tudo o mais.
- S-Pen: os críticos dizem que a “canetinha” que acompanha o Galaxy Note é um retrocesso, uma volta aos tempos do PDA. Eu digo que eles deveriam encontrar uma pia bem cheia de louça pra lavar, para ver se assim não falam tanta asneira. O conforto e a precisão que a “canetinha” proporcionam ao tomar notas ou fazer gráficos diretamente na tela do celular são incomparáveis.
- Android atualizado: estamos falando de Android, então um aparelho que vem com Android 2.3 instalado mas que está pronto para ser atualizado para o Android 4.0 é um dispositivo super atualizado. Ainda não tive a chance de ver a nova versão rodando, porque para o Galaxy Note brasileiro OEM ainda não há atualizações.
- Google Maps: a tela grande do note é o cenário mais perfeito para rodar o Google Maps, que no Android já conta com recursos mais avançados que nunca chegaram (e agora mesmo que nunca chegarão) ao iOS.
Tecnologia tem disso: cada um usa o que lhe for mais adequado. E parece que pelo menos em termos de dispositivos móveis, a Apple está com os dias contados aqui em casa. O tempo dirá.