#365Posts – Você já chamou alguém de “tigre”?
Agora há pouco no Twitter alguém fez um comentário dizendo mais ou menos: “a tigrada passa aqui na frente fazendo a maior algazarra, atrapalhando o sono de crianças e idosos”.
Usar a gíria “tigre” para referir-se a um grupo social não é exatamente novidade: essa gíria surgiu nos tempos do Brasil Império, e perdura até hoje, em todo o território brasileiro.
O que as pessoas não sabem é que ao chamar outrem de tigre não estão exaltando as características mais nobres deste felino selvagem: é dos apelidos mais preconceituosos, humilhantes e depreciativos que alguém poderia ter, em minha humilde e nada isenta opinião.
Acontece que na época do Império não havia água encanada ou tratamento de esgoto em lugar algum. Aí as pessoas iam fazendo suas necessidades e armazenando os detritos numa espécie de barril chamada “cabungo”, que periodicamente os escravos tinham de por nas costas e levar para descarregar longe da casa dos amos.
É claro que os pobres serviçais não recebiam nenhum cuidado, e era necessário atravessar longas distâncias sendo ensopado pelas porcarias que se acumulavam nos cabungos, porcarias essas que escorriam pela pele, e sob a ação do sol quente queimavam-lhe “listras”, o que lhes rendia ser chamado de “tigres”.
E se não acredita na minha palavra, dê uma lida aqui: Cabungueiros e seus Cabungos. É o blog de um professor e pesquisador, que tem formação e titulação que amparam o que ele vier a dizer.
Meu professor de comunicação e expressão falou sobre isso, a história é contada naquele livro 1822, que não cheguei a ler. Ele só não mencionou a parte do apelido tigre, mas faz todo sentido.