#365Posts – Telenovela como ferramenta de educação #SQN
Não sei quem é o “Delegado Waldir”, não faço questão de saber, mas vou usar das palavras dele para tecer alguns comentários acerca da hipocrisia reinante na sociedade atual.

Em primeiro lugar, caro Delegado, não é papel da televisão ou das telenovelas educar ou estruturar famílias. O papel social deste tipo de empreendimento varia de acordo com os envolvidos.
- Para o público, a função da novela é prover entretenimento.
- Para os profissionais envolvidos (autores, atores, técnicos, maquiadores, e todo mundo mais) é propiciar reconhecimento e sustento.
- Para a emissora, o papel da novela é manter ou elevar a sua relevância com relação aos patrocinadores, o que significa lucro.
- Para os patrocinadores, o papel da novela é gerar lucro.
Quanto ao papel de educar, este é exclusivo dos pais. Sem exceção.
Não é da escola, cujo objetivo é instruir. Não é da igreja, cujo objetivo é (deveria ser) acolher os aflitos e prepará-los para encontrar na fé a força e a motivação necessárias para enfrentar as dificuldades que a condição humana implica.
Mas como a hipocrisia do momento diz respeito a demonizar a novela como se ela tivesse o papel de educar, deter-me-ei à função dela como fonte de entretenimento para as massas.
Independente do meu julgamento acerca dos valores que a novela reflete, estes são os valores que a população já tem arraigados, que são expostos não com o objetivo de (pausa para uma gargalhada) “educar” ou “estruturar famílias”, mas sim de gerar identificação na massa consumidora, que vai comprar os produtos anunciados.
Se é para falar de educação, este papel é exclusivo dos pais, repito. São os pais que têm que impor limites, que têm que controlar a programação a que os filhos assistem, que têm que trocar de canal ou desligar o televisor para que outras atividades mais adequadas sejam feitas em família.
Não é à toa que a Globo tem a maior audiência do Brasil. Ela é a primeira porque é especialista em identificar o que o povo quer, e oferecer isso ao povo. Se alguns amigos e eu não vemos Zorra Total, o resto do país se identifica com aquele tipo de humor. É a mesma parcela popular que se identifica com as maldades da novela, com os vícios de linguagem, com as piadas de gosto duvidoso.
Enfim… Julgo que quem não concorda com o que a novela mostra tem que trabalhar para mudar o povo, para que a identificação com a podridão e a bandalheira deixe de existir. Fora isso, é o mesmo que querer matar o carteiro porque este é portador de más notícias. Qualquer discurso que ataque o funk, a novela, a Globo, ou qualquer que seja o veículo de projeção da realidade que se identifica com a mensagem da vez, é pura hipocrisia.