#365Posts – Eu Te Perdoo, Mãe
Quem me conhece há algum tempo sabe que faço do perdão o norte para a minha vida. Tenho até um blog sobre o perdão, de tanto que acredito que seja ela a única ferramenta capaz de desfazer o ego, levando à verdadeira iluminação espiritual.
Este post pretende ser um “desabafo” público, um trabalho de perdão à minha mãe — que eu sei que está lendo isso agora (te amo, Mamãe) — e também um pedido público de desculpas a ela, por ter mantido esse rancor em meu coração durante tantos anos.
Mãe, eu te perdoo
Quando eu era criança, minha mãe fazia uma coisa muito má com minha pessoa, e eu não embora fosse um guri inteligente, sempre caía na mesma maldade (há um ato de vigarice aqui, que os mais atentos identificarão em breve).
Minha mãe chegava de não sei onde, e com a cara séria iniciava o que seria finalizado com requintes de crueldade.
— Bah! Sei de uma coisa que vai dar o maior bolo!
— O que, mamãe? — perguntava eu.
— Farinha, ovos, leite, açúcar…
Mas a crueldade era dupla, porque de vez em quando ela variava. Aparecia com uma cara taciturna e dizia para ninguém, de forma que eu ouvisse:
— Vai dar angu!
— O quê? O que vai dar angu? — perguntava eu.
— Farinha de milho.
Acho que foi assim que minha mãe me ensinou a não ser fofoqueiro (eis a vigarice: eu me sentia atraído pela possibilidade de saber segredos alheios), e a refrear meus instintos curiosos. Fez um excelente trabalho. Se um dia eu tivesse um filho, quereria que a mãe dele fosse pelo menos metade de foda do que a minha foi e é pra mim e pro meu irmão.