#365Posts — “A Copa das Copas”

A despeito da data do post, este está sendo redigido quando a Copa do Mundo da Fifa de 2014 está prestes a entrar para as quartas de final.

O mundo inteiro sabe — pelo menos o mundo inteiro que mais me interessa: as pessoas que me conhecem — que tenho ojeriza de futebol. Aliás, nem tanto tenho asco do esporte em si, mas dos torcedores, e já escrevi sobre isso várias vezes antes.

Recentemente tenho sido objeto direto ou indireto de críticas por parte de pessoas que se acham no direito de ridicularizar pessoas que, como eu, sabiam que a realização do mundial no Brasil seria problemática, em função de:

  • a falta de educação generalizada do povo brasileiro;
  • a falta de estrutura dos serviços básicos de transporte, saneamento e educação;
  • haver toneladas de estrangeiros por aqui, para serem explorados pelos comerciantes locais, e para depredar nossas cidades, mijar em nossas vias públicas e vomitar em nossos quintais.

Apesar de tudo, os meios de comunicação se limitam a dizer que esta está sendo “a Copa das Copas” (e talvez seja mesmo), pintando um Brasil lindo e maravilhoso em que, por favor, eu quero morar.

A exemplo do que fizeram na visita do Papa Pancho ao Brasil, a imprensa em geral simplesmente ignora os problemas crônicos. Eu morava em Copacabana naquela época e vi com meus próprios olhos o sofrimento daquele bando de crentes (de outro tipo diferente deste que você está pensando para me contestar, mas ainda assim crentes) sendo assaltado ao ter de pagar 25 Reais por um sanduíche de pão com uma fatia de queijo e uma de mortadela; ou tendo de esperar horas abaixo de chuva até poderem tomar um metrô para irem até o local onde estavam hospedados. Sem falar nos atos de violência física mesmo: as delegacias viviam lotadas de gente prestando queixas. E nada, nada disso foi divulgado; tudo o que se viu foram notícias que faziam de conta que o modo “que lindo seria” realmente estava ativado na Cidade Maravilhosa.

O mesmo se dá na Copa, apesar de haver muita gente elogiando. Eu elogiei e elogio:

Mas nem por que muita gente está elogiando que não ocorram brigas de torcida, que não haja torcedores estrangeiros espalhando o terror nas cidades sede, ou que o trânsito não esteja um verdadeiro caos em dias de jogos, em função de tudo o que se tem que movimentar para a realização de um evento deste porte, muita gente fique impossibilitada de ir trabalhar.

Ainda bem que os problemas estão aquém do que eu esperava. Embora não tenha viajado nestes dias (programei-me para isto), tive a possibilidade de constatar que pelo menos o aeroporto do Recife está funcionando bem, com todos os processos fluindo, e todos os turistas estão, ou parecem estar, sendo bem atendidos.

Além disso, eu nunca escrevi nada apoiando a besteira do #NaoVaiTerCopa. Se é que falei alguma coisa a esse respeito foi ironizando, tirando sarro mesmo (algo impossível de detectar aos cérebros binários capazes de apenas dizerem-se contra ou a favor de algo, jamais de raciocinar e pelo menos cogitar que há infinitas possibilidades mais moderadas).

Por fim, um momento Mãe Dinah: prevejo que a final da Copa 2014 seja entre a Selecinha (jeito carinhoso de chamar a Seleção Brasileira) e o plantel argentino. Mas não me arrisco a sugerir um resultado, porque vai que eu acerto e resolvem trocar meu nome para Paul, e me eleger como substituto do finado polvo e da capivara. Como dizia Raulzito: “entrar pra História é com vocês”.

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