Duas crônicas de helicóptero
Duas crônicas praticamente ao mesmo tempo. Uma eu presenciei, a outra fiquei sabendo pela Reuters.
Terça-feira, depois do almoço, em Porto Alegre. O céu estava lindo, o clima quente, e eu caminhava com um amigo pela Rua dos Andradas, voltando para o trabalho. Notamos as pessoas olhando para o céu com cara de admiradas, e fomos ver o que chamava a atenção das pessoas: um helicóptero, provavelmente de reportagem, que sobrevoava a região central da cidade, e se mantinha naquele momento pairando no ar, mimetizando o vôo do beija-flor.
Meu amigo comentou, e eu concordei, que apesar do tamanho e da importância de Porto Alegre, capital do Estado, o Centro da cidade é um cu-de-boi sem tamanho: carroceiros arrastando suas carroças no meio da multidão, carros e micro-ônibus dividindo espaço na rua com os transeuntes, camelôs por tudo quanto é lado, aquele caos horroroso, que torna a cidade muito mais feia do que ela realmente é.
E essa multidão de incomodados, à exceção de meu amigo e eu, parou tudo o que estava fazendo para franzir a testa observando um helicóptero sobrevoar a cidade, como se fosse uma nave pronta a abduzir umas 4400 pessoas.
Terça-feira, horário ignorado, no Rio de Janeiro. “Papai Noel” sobrevoa a cidade em um helicóptero, rumando para distribuir presentes em uma festa. Todo mundo no Rio está acostumado a ver esse tipo de aparato tecnológico no céu. Aliás, tão acostumado que os traficantes — em tese pensando que se tratava de um helicóptero da polícia — crivaram a aeronave de balas, obrigando-a a retornar, e Papai Noel ir de van até sua festa.
Bem feito. Por que essa frescura de abusar da tecnologia? Tivesse ele se mantido com o trenó voador, e ninguém o confundiria com o BOPE.
Um grande abraço aos meus grandes amigos do Rio de Janeiro!