Fugir para Miami
Recentemente temos visto muita gente anunciando (e nem sempre cumprindo) que vai embora para Miami, porque com a reeleição de Dilma Rousseff, os escândalos de corrupção, os aumentos imorais de preços de energia e a ameaça da criação de novos e ainda mais pesados impostos, com tudo isso o Brasil teria se tornado um país inviável.
Meu amigo e cliente Ricardo Pereira escreveu há praticamente um mês um post sobre o assunto, que me fez ter vontade de escrever este aqui também: “Fugir para Miami: Opção, Desesperança ou Única Saída.” De tudo o que o Ricardo escreveu, o que mais me chamou a atenção foi o seguinte trecho:
Algo sobre essa realidade merece reflexão: muda quem pode, não quem quer. O Brasil perde muitos talentos e gente que poderia fazer a diferença por aqui.
Na verdade, a reflexão merece apenas uma correção, em minha opinião: “muda quem pode e quer.” Se o sujeito pode mas não quer, ou quer mas não pode, ele não promove mudança alguma (até mesmo extrapolando o contexto da localização geográfica a que se vincula este texto).
Amor à Patria e Liberdade Individual
Acredito que bem poucas são as verdades absolutas no Universo, e certamente nenhuma delas diz respeito a dinheiro, economia, ou ao mercado de maneira geral.
Existe um ranço que me parece proveniente dos tempos da ditadura militar de que “devemos amar a pátria” — quem tem um pouco de memória lembra da campanha dos milicos cujo slogan era “Brasil: ame-o ou deixe-o.”
Mas, afinal de contas, o que é a pátria? O que é um país senão o conjunto de seus habitantes, sua cultura, culinária, costumes, crenças e diferenças?
Assim, não importa onde a pessoa nasceu, onde ela vive ou onde ela vai morrer; sua pátria será aquele lugar com que ela mais identificar-se, onde ela mais puder amar incondicionalmente as pessoas e tudo que as orbita, cultural ou geograficamente falando.
Então, se uma pessoa sente que vai ser mais feliz mudando de mala e cuia para Miami, se ela tiver as condições para empreender tal mudança, e for para viver de maneira digna e amorosa, então que vá para onde tem que ir!
Da mesma forma, não acredito que quem vá embora do Brasil (seja para Miami, seja para Montevidéu, seja para onde for) possa ser “um talento que fará falta” por aqui. Primeiro que se a pessoa está infeliz ela não vai entregar seu talento ao mundo, vai reter tudo para si própria, utilizando-o para alimentar sua infelicidade; segundo que assim como Miami é o destino dos sonhos de muitos brasileiros, o Brasil também o é para muitas pessoas nascidas alhures.
O Importante É Ser Feliz
Se o que faz uma pessoa feliz é ir-se embora para Miami, ou para onde for, que vá. O importante é ser feliz, e se for para ter arrependimentos que seja pelas atitudes tomadas, e não pela paralisia. E a opinião dos outros, é só isso mesmo: dos outros (não deveria importar para a pessoa em si).
“O importante é ser feliz porque gente feliz não incomoda”, sabedoria de traseira de caminhão.