O fim do grupo “Homens Unidos Contra Bolsonaro”
Recentemente escrevi sobre os aspectos positivos da candidatura de Jair Bolsonaro e um dos motivos que listei para defender este evento foi que as pessoas estão se unindo em torno de uma causa: tentar combater a proliferação do mal e do discurso de ódio, que poderá culminar na eleição do pior candidato possível ao cargo de presidente do Brasil.
Entre as iniciativas de união das pessoas comentei sobre o grupo Mulheres Contra Bolsonaro, que foi hackeado e usurpado, mas que segue firme e forte apesar dos contratempos. E falei da contraparte criada para ser um ponto de encontro de homens identificados com um adversário comum, que ainda contava com “apenas” 200.000 membros, etc. Entre os elogios para o grupo dos homens estava a acolhida a pessoas das mais diversas características, inclusive e principalmente homens homossexuais. Não era raro encontrar relatos dizendo o quão felizes estes membros se sentiam de poder “contracenar” com uma maioria heterossexual que não os discriminava ou agredia.
Entretanto, o caldo entornou, ao menos para mim, que cada vez menos suporto ter de conviver com certos comportamentos agressivos travestidos de progressismo.
Para começar, as discussões no grupo viraram um sem fim de Haddad × Ciro — como se não houvesse mais dez candidatos além deles e do capitão da reserva disputando votos. O que eram irritantes hashtags promovendo um ou outro lado logo virou ataques descarados, uns tentando demover os outros de votar no candidato que já estava escolhido.
Esqueceram, portanto, que o objetivo do grupo nunca foi fazer campanha para um ou outro candidato, e sim discutir meios de mostrar aos eleitores indecisos que há, sim, alternativas bem mais sensatas, sem que precisem abrir mão do petismo, do antipetismo, ou de qualquer outra paixão que as pessoas tenham.
E então começaram as manifestações de muito baixo nível, muito abaixo do que eu poderia suportar: notícias falsas circulando como se fossem reais, ataques às pessoas e não às ideias, e falácias às mancheias.
Num dado momento começaram a circular fotos do Alexandre Frota aos beijos (dica: isso é um eufemismo) com outros homens, imagens retiradas de seus filmes pornôs, aludindo ao fato de ele se dizer favorável à família mas na verdade atuar como homo ou bissexual, como se pessoas destas orientações não fossem dignas de ter família, como se arranjos diferentes dos “tradicionais” não pudessem ser considerados família.
Então eu saí do grupo. Afinal, eu até tolero hipocrisia, mas não de gente mais hipócrita (e mais burra) que eu.