Macs com processadores ARM: será o fim do Hackintosh?

Se você não quiser ler todo o texto, minha opinião é a seguinte: vai demorar vários anos até que o Hackintosh fique realmente inviável com a transição que a Apple pretende fazer dos Intel x86 para sua própria linha de processadores ARM.

Digo isso baseado na observação do que a Apple já fez no passado, quando migrou da família 68000 (Motorola) para PowerPC — ambos RISC — e depois para Intel x86: houve um período de transição durante o qual dispositivos com processadores obsoletos continuaram recebendo atualização normalmente, antes de acabarem totalmente com o suporte a eles.

Recentemente, com o Mojave, vimos vários Macs anteriores a 2012 também deixando de receber atualizações. Contudo, equipamentos de 2012, em pleno 2020, ainda são capazes de rodar a versão mais recente do MacOS. Em se tratando da indústria de computadores pessoais oito anos são equivalentes a eras!

Da mesma forma, tem muita gente que está bem feliz usando versões “atrasadas” do sistema operacional da Apple em seus dispositivos mais antigos, e até aqui nem falamos de Hackintosh propriamente dito. Inclusive tem muita gente que não atualiza seus sistemas operacionais mesmo em dispositivos que suportam Mojave ou Catalina porque, simplesmente, sente-se confortável usando o High Sierra.

Considerando esse histórico, creio que não seja nenhum exagero pensar que para os próximos dois anos, pelo menos, nossos Hackintoshes compatíveis com o Catalina continuarão capazes de executar versões mais recentes do MacOS porque, justamente, a própria Apple não vai querer abandonar os usuários que recém compraram Macs novos. Imagine a pessoa gastar 20.000 Reais em um Macbook Pro e em poucos meses ele não receber mais atualizações porque o fabricante resolveu não atender mais a arquitetura da sua máquina: seria um absurdo, e um prato cheio para qualquer advogado ganhar indenizações polpudas da Apple.

Em se tratando de Apple, o possível custo mais baixo dos processadores ARM de fabricação própria não deve implicar barateamento dos preços dos seus produtos, mas sim aumento dos lucros da empresa. O que não significa que para o usuário final não haja avanços também, tais como a economia de energia (ou seja, baterias que duram mais), menor emissão de calor (mais conforto no uso do equipamento) e mais segurança (o que pode ser questionável, uma vez que para tornar o MacOS mais seguro a Apple também vai fechá-lo cada vez mais, a exemplo do que já faz há anos com o iOS).

Com isso, talvez passe a existir um interesse menor das pessoas pelo Hackintosh. Eu mesmo não me vejo voltando a usar Windows nem por decreto, mas alegremente (e isto é uma metáfora) voltaria ao Linux, talvez com uma interface gráfica mais parecida com o ambiente a que estou acostumado. Meu Hackintosh, por exemplo, deve segurar bem a onda por pelo menos mais uns três anos, haja vista sua configuração. Em se tratando de tecnologia, não é sensato querer programar-se para um prazo tão longo assim.

Tudo isso posto, acredito mesmo que não haja motivos para nenhuma preocupação por agora, nem por pelo menos uns dois anos após o lançamento do primeiro dispositivo Apple com processador ARM. Depois disso o que certamente não faltará é uma miríade de possibilidades que vão desde usar uma versão atrasada (com suporte a x86) até formatar o PC com um novo sistema operacional com suporte total. Quem viver verá.

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