Maresia
Todos os dias pontualmente às 16h20, por mais clichê que pareça, um vizinho acende um incenso cujo perfume toma conta do meu apartamento. E nem digo isso reclamando, porque o incenso do rapaz é realmente bom, do tipo que eu venderia na Rua da Praia se meu karma fosse diferente do que é.
Outro dia ouvi-o gritar com a pessoa que, tudo indica, mora com ele.
— Acabou o incenso, é?
Não foi possível escutar a resposta.
— Então hoje vai sem, mesmo.
E nesse dia em vez de cheiro de sândalo, rosas ou lavanda, os vizinhos tiveram de aspirar a mais pura maresia.