O Escárnio é Arma Legítima Contra o Fascismo
Você e eu sabemos o que é “escárnio.” É uma manifestação ostensiva e indignada de desdém, menosprezo; algo que é feito ou dito com a intenção de fazer alguém rir de alguma coisa, ou de outra pessoa: troça, zombaria.
Na semana que passou um dos maiores destaques na mídia brasileira foi o caso de um senador lá do hemisfério norte, vice-líder de Bolsonaro no Senado, de quem a Polícia Federal apreendeu um valor próximo a 35.000 Reais que o político havia escondido no fiofó.
Exceto pelos bolsomínions mais nojentos, aqueles que não poupam esforços para (tentar) limpar a barra do mito deles, a reação geral da sociedade foi explorar a miríade de piadas prontas e trocadilhos para compensar o asco e a repulsa, em vários níveis, com algumas risadas à custa do senador e do seu parceiro de quase união estável.
Nada mais nem menos que o esperado, claro.
Entretanto, houve um monte de gente desqualificando o escárnio:
- Enquanto ficamos rindo disso eles continuam roubando;
- enquanto a gente faz piada com o cu do “véio” o Pantanal continua em chamas;
- se fôssemos uma sociedade séria não estaríamos rindo de um episódio desses, e sim exigindo punição.
Eu, particularmente, cada vez que lia um comentário de pessoas ditas “de esquerda” condenando o escárnio com que lidávamos com a situação, só conseguia pensar naquela GIF do Tony Stark.

O escárnio é uma ferramenta totalmente legítima, útil e necessária no combate ao fascismo em ascendência no Brasil (e em todo o mundo, praticamente).
Não podemos perder a oportunidade de fazer essas pessoas perceberem o quão ridículas são. Devemos fazê-las sentir vergonha de dizer que a Terra é plana, de ser “antivax”, de acreditar em qualquer coisa que diz um sujeito corrupto e com péssima dicção — imagine o hálito.
Precisamos escarnecer dessa gente privilegiada que pensa ser “diferenciada,” ou seja, que se acha melhor que os outros.
O escárnio é uma arma legítima contra esses néscios, primeiro porque eles próprios não se furtam de escarnecer de nós, dos nossos valores, da nossa luta por uma sociedade mais justa e igualitária sem desrespeitar diferenças. Eles zombam das quase 200 mil mortes que poderiam ter sido evitadas se tivessem eles escolhido para o Brasil uma liderança mais afeita à educação, à cultura, à ciência e ao respeito pela verdade e pela vida.
Debochar dessa extrema-direita, fazendo-a sentir vergonha pelos discursos mentirosos, pelas acusações infundadas, pelos ataques gratuitos a quem não se coaduna ao pensamento rapace e criminoso de quem finge ser arauto da moralidade, mas, na verdade, está enfiado até o pescoço com crimes de peculato, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, e até mesmo crimes mais diretamente atentatórios à vida, como assassinatos e tortura — isso, na verdade, é um favor que fazemos, já que diferente deles não temos ganas de andar armados para poder estourar os miolos de quem não gostamos.
O escárnio é arma válida e legítima para combater o fascismos. Se não “converter” nenhum deles (e nem tenho mesmo intenção de salvar nenhuma alma sebosa), pelo menos poderá aliviar nossas tensões ao propiciar umas risadas à custa dos hipócritas retrógrados e diferentōes.