Dos deepfakes ao Google: a paranoia nossa de cada dia

A era digital é palco de maravilhas e pesadelos tecnológicos. Com o avanço acelerado das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e do aprendizado de máquina, temos presenciado uma revolução na maneira como consumimos e interagimos com conteúdo digital. Mas é um mundo cada vez mais complexo, e as implicações disso estão começando a vir à tona de formas cada vez mais inesperadas e, algumas vezes, perturbadoras.

Hoje cedo dei uma passada pela antiga rede do passarinho, que agora tem nome de sanduíche, e vi que entre os assuntos mais comentados por lá estava o Google Docs. Pensei que tivesse alguma coisa a ver com a investigação que, queira Deus, vai levar o fecálito falante para a Papuda, e fui conferir do que se tratava.

Acontece que, pelo que entendi, recentemente o Google teria anunciado um novo empreendimento: uma empresa de streaming e distribuição de conteúdo. Se for isso, a promessa é de certamente promete revolucionar o mercado, como sempre tem feito, haja vista sua capacidade de inovação. No entanto, junto com as expectativas, surgem os temores.

A Globo News, ao mesmo tempo, noticiava que a OpenAI foi acusada por uma autora que alega que a IA está usando informações de seu livro de maneira não autorizada e sem remunerá-la. Este é um exemplo de como os dilemas de direitos autorais estão se expandindo para um território inexplorado no âmbito da IA.

O cenário fica ainda mais surreal com a narrativa de um recente episódio da Netflix. Nele, a vida pessoal de uma pessoa é rastreada por mecanismos de IA e convertida em episódios de uma série de TV por uma IA super avançada, que gera deepfakes de atores que apenas licenciam suas imagens e vozes em vez de efetivamente atuar. Esta visão distópica gerou um frenesi de debates sobre privacidade e direitos digitais.

O medo das pessoas aumentou. Surgiram sugestões de que a Google “roubaria” o conteúdo dos documentos armazenados em sua nuvem para gerar conteúdo sem remunerar as pessoas, invadindo suas privacidades e “roubando” algo delas.

Na boa: as pessoas estão tomando muito Zolpidem! Esse pânico generalizado tem muito a ver com a desinformação e o desconhecimento sobre como essas tecnologias realmente funcionam.

É claro que precisamos de regulação adequada para lidar com o avanço da IA e garantir a proteção dos direitos autorais e da privacidade. Mas essa paranoia generalizada não é saudável nem produtiva. Precisamos nos lembrar de que qualquer dano que possa haver já começou e, em muitos aspectos, a roda da inovação tecnológica não pode ser revertida.

Em vez de nos desesperarmos, precisamos buscar informação, entender os reais riscos e benefícios e contribuir para um debate construtivo sobre como queremos que nossa sociedade digital evolua. Não podemos permitir que nossos medos nos impeçam de aproveitar os inúmeros benefícios que a tecnologia tem a oferecer.

Em resumo, o futuro já chegou, e cabe a nós decidir como vamos vivê-lo. Então, antes de mergulharmos na próxima onda de histeria tecnológica, talvez devêssemos dar um passo atrás, respirar fundo e lembrar que, como todas as ferramentas, a IA é tão boa ou tão má quanto a maneira como a usamos.

Newsletter

Gostou deste conteúdo? Informe seu email e receba gratuitamente todos os novos posts na sua caixa de entrada (será necessário confirmar a inscrição em seguida, verifique sua caixa postal).

Deixe seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.