Nem Todo Velho é Sábio

Eu tinha cerca de 25 anos na época. A equipe da empresa era composta principalmente por gente entre vinte e trinta e poucos anos — relativamente jovens, mas experientes e muito competentes.

Abrimos uma vaga e recebemos candidaturas variadas. Uma delas era de um homem na casa dos cinquenta, apelidado de Tutuba. As origens desse apelido — melhor não contar.

Eu cuidei do processo de contratação. Depois de entrevistar os candidatos, reduzi a lista para três finalistas fortes e Tutuba não estava entre eles. Ele tinha algumas lacunas técnicas, mas a atitude era o problema maior: mal cumprimentava as mulheres da equipe, parecia desconfortável em se reportar a alguém mais jovem e não demonstrava interesse em nada além da sua experiência em contabilidade.

Tivemos outros candidatos mais velhos que eram bem qualificados, experientes, curiosos e colaborativos, mas nenhum foi selecionado.

O dono da empresa, que não havia entrevistado ninguém, anulou minha decisão e contratou o Tutuba. Logo ficou claro o motivo: ele queria um contador pelo salário de um técnico de suporte.

Deu tudo errado, claro. Tutuba ignorava processos, resistia a mudanças, falava de forma condescendente com os outros e rejeitava supervisão. Parecia achar que a idade deveria isentá-lo de se adaptar.

Ele pediu demissão algumas semanas depois, alegando que o ambiente de trabalho não era profissional.

Idade não garante competência, respeito ou disposição para aprender — e na área de tecnologia, essa disposição é o que mais importa.

Tutuba saiu, mas a história permaneceu.

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