A campanha eleitoral de 2022 no Brasil

Recentemente uma pessoa que eu sigo no Facebook divulgou um gráfico resumindo o resultado de uma pesquisa feita pela XP Investimentos que demonstra a percepção da população quanto aos maiores problemas do Brasil.

O principal problema do Brasil em meados de junho/2021

A pessoa que divulgou o gráfico acrescentou em seus comentários que estas devem ser as pautas da campanha de 2022, fora das quais tudo será perda de tempo e de votos.

Que essas sejam as pautas percebidas como mais importantes pelas pessoas não discuto. Tampouco me atrevo a fazer interpretações sobre o significado, por exemplo, de a preocupação com “corrupção” ser muito mais importante, na percepção popular, que as problemáticas do desemprego, da fome ou da educação, ou das pautas relativas ao meio ambiente que são praticamente desconsideradas.

A extrema-direita, com seus gabinetes do ódio, seus ministérios paralelos, suas máquinas de fake news e seus exércitos de robôs nas redes sociais, contudo, ignora esta pesquisa. Afinal, ela já conhece um dispositivo muito mais eficiente para ganhar eleições do que o debate de pautas sociais ou econômicas (e a prova disso é que o bloida no poder não se apresentou a um único debate durante a campanha eleitoral de 2018).

Em 2022 a campanha se dará em duas frentes: a oficial e a oficiosa. Oficialmente os candidatos todos tratarão dos mesmos temas, alguns até debaterão assuntos importantes para a sociedade e para a economia. Oficiosamente, contudo, a campanha se dará na base da difamação, da calúnia, da geração de ódio na população contra as pessoas que possam defender pautas mais progressistas e igualitárias.

Especificamente, os ataques serão baixíssimos: as pessoas da esquerda serão acusadas sistematicamente de pedofilia, tráfico de pessoas, comércio de crianças para fins de turismo sexual e outras barbaridades inaceitáveis. É a mesma estratégia Q-Anon, ou apenas Q, criada para fortalecer a imagem do torpe que foi destituído da Casa Branca.

Para criar um sentimento de aceitação cega de tais disparates os gabinetes do ódio vão usar mecanismos de comunicação desprezados pela parcela intelectualmente mais preparada da sociedade, mas que é só o que a grande massa idiotizada à força consegue consumir: memes, vídeos e áudios curtos e “informação” mastigada e regurgitada para gerar ódio e medo.

De um lado teremos candidatos fazendo debates e oferecendo propostas de maneira mais (ou menos) séria; de outro teremos milhares de pessoas repostando vídeos editados para dar a entender que as escolas ensinarão as crianças a copular aos cinco de idade, que a “esquerda” pretende legalizar ou descriminalizar a pedofilia.

Cabe aos políticos mais à esquerda brigar com as mesmas armas? Não me parece. Existe algum jeito de reverter essa tendência? Tampouco.

O que está ruim será muito piorado. Queira Deus que eu esteja errado!

Por fim, ninguém quer saber, mas vou dizer: meu voto para 2022 já está definido desde 2018: no primeiro turno voto no Lula, caso ele não seja silenciado outra vez até as eleições; no segundo em qualquer candidato que seja adversário do buseiro, não importam nome, sigla ou orientação política. Afinal, é impossível de aparecer alguém pior do que a escolha de 57 milhões de brasileiros em 2018.

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