A Extrema Direita e a Cultura da Agressão

Existem pessoas que eu admiro cada vez mais no Brasil de 2020, quase 2021, dentre as quais destaco Marina Silva, Lula, Dilma, Manuela D’Ávila, Maria do Rosário, Erundina, Guilherme Boulos e muitos outros.

Engana-se quem supuser tal admiração ser pelo fato dos ideais progressistas destas figuras públicas andarem, regra geral, alinhados com os meus. Eu os admiro porque são pessoas que estão sendo constantemente atacados, agredidos, odiados, vilipendiados, e ainda assim mantêm a civilidade, inclusive no trato com seus agressores.

A extrema-direita, tão à vontade no Brasil do onagro apedeuta, caracteriza-se, justamente, por ser vazia de qualquer traço de civilidade genuína. Quando mimetizam alguma tentativa de comportamento polido sempre é na base do fingimento e da mentira.

Meio poliana que sempre fui, eu costumava creditar tal comportamento belicoso e destrutivo ao medo e à ignorância (no sentido literal, como sendo característica da pessoa a quem faltam conhecimentos). Porém, agora estou mais firme na crença de que não lhes falta inteligência tanto assim (um pouco falta), e que essa verve agressiva que lhes caracteriza faz parte de um abominável exercício de prazer.

Digo que falta um pouco de inteligência a essas pessoas, porque tem que ser muito burro para crer que o prazer de achacar o semelhante possa ser mais importante do que ajudar a criar uma sociedade em que todos possam ganhar, e que o respeito aos direitos básicos de moradia e alimentação não sejam vistos como terrorismo.

Um segundo traço dominante na extrema-direita é o vitimismo: vemos o porco laranja que não admite a derrota na “terra das oportunidades” alegando fraude nas urnas, da mesma forma que o apedeuta-mor aqui em Terra de Vera Cruz vive alegando ser perseguido pela imprensa, pelas ONGs e seja lá que tipo mais de desatino ele possa cometer por aquela boca de troço — até mesmo, feito sua dominatrix do mundo invertido, ele alega que as eleições que o elegeram foram fraudadas, mas tampouco apresenta uma prova sequer.

Respeitadas as devidas proporções e esferas de atuação, os eleitores e admiradores dessa canzoada agem da mesma forma, alegando sempre que as agressões que cometem são manifestação de suas liberdades de expressão, de culto, ou qualquer outro conceito que eles tenham sequestrado para si, tal qual fizeram com as cores e a bandeira do Brasil.

Tenho ojeriza dessas pessoas que despertam o que há de pior em mim, mas, em simultâneo, agradeço porque elas estão mostrando suas caras grotescas cuja feiura moral maquiagem alguma pode disfarçar. Agora, que elas se acham legitimadas em sua deficiência moral, não têm mais escrúpulos de mostrar-se trevosos como são.

É por isso que minha estratégia, apesar de ser legítimo o uso do escárnio contra essa súcia, implica bloquear imediatamente a cacaria ante qualquer manifestação de sua natureza infecta; se for nas redes sociais o bloqueio é literal, e se for pessoalmente eu apenas me afasto e deixo a pessoa destilar sua maldade, na esperança (até agora vã, mas não menos intensa) de que ela se engasgue com o próprio aziago fel.

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