Cuban cigar

A Lei Anti-Fumo do Estado de São Paulo

Vi no Twitter, infelizmente não guardei quem falou, que bastou uma lei anti-fumo para acabar com a gripe suína, e nem precisou cair mais nenhum avião. Faz sentido.

Tenho ouvido a gritaria que os fumantes (e uns poucos comerciantes) andam fazendo a respeito dos termos da lei, e gostaria de expor minha opinião a esse respeito, na qualidade de não-fumante que sou.

Na verdade, sem aprofundar nenhum raciocínio, eu só vejo  um problema na redação da lei: ela proíbe o fumo de maneira generalizada em todos os estabelecimentos comerciais; não pode um comerciante ter a liberdade de escolher se, em seu bar ou quejando, ele prefere acolher clientes fumantes ou tolerantes ao fumo, ou apenas gente como eu, que está exultante com a possibilidade agora real de frequentar qualquer bar sem ser obrigado a respirar os detritos dos cigarros alheios.

Entretanto, ao pensar um pouco melhor dá pra ver que a lei tem que ser como é mesmo. Caso aos comerciantes fosse facultado escolher seu público, é claro que nenhum (ou quase nenhum) escolheria atender os chatos dos não fumantes. Eu, se dono de boteco fosse, tentaria atender o maior grupo, já que isso é que maximizaria minha possibilidade de lucro.

Eu era criança ainda quando proibiu-se o fumo nos ônibus (se não me engano, foi em 1978). Naquela época eu não prestava muita atenção no que não fosse o meu pequeno grande universo familiar, mas imagino que tenha havido muita reclamação, muita gritaria dos fumantes que se sentiram discriminados.

O mesmo deve acontecer com essa nova e oportuna lei: os que tiveram diminuído seu direito de fumar em qualquer canto vão reclamar, espernear, resmungar, sem pensar no direito que os não fumantes temos de respirar um ar ao menos ligeiramente melhor; o direito que temos de voltar de uma boate sem que nossas roupas, cabelo, pele, estejam fedendo a chaminé de fábrica.

Vi na tevê um moleque dizendo que devido às dificuldades decorrentes do cumprimento da nova lei ele vai parar de fumar. Se realmente fizer isso (o segundo vício dos fumantes é dizer que vão parar de fumar) vai ser um em um milhão; os demais vão continuar tentando fumar escondido em local proibido ou no banheiro, e pagando todos os preços que o tabagismo implicar. Todavia com a diferença que — sejamos nós, não fumantes, mais respeitados ou não — os espaços coletivos vão estar cada vez menos desagradáveis.

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