A queda do vôo 3054 em Congonhas
Tenho um nó na garganta. Liguei a tevê para assistir uns videoclipes legais, e ao zapear pelos canais acabei caindo na Band, que mostra ao vivo a notícia de uma tragédia terrível com um airbus A320 da TAM, que saíra de Porto Alegre com cerca de 174 passageiros. A imprensa noticiava, inicialmente, que seria o vôo 5018, mas nota oficial da companhia aérea acabou dando conta de que era, na verdade, o vôo JJ-3054.
Na verdade, corrijo-me: não tenho só um nó na garganta, tenho os olhos úmidos e o coração disparado também.
Em primeiro lugar, porque eu poderia estar neste vôo. O ritmo que minha vida vem tomando mostra que em breve eu não trabalharei mais geograficamente circunscrito a Porto Alegre, e que ficarei bastante íntimo dos aeroportos brasileiros. Em segundo, porque meu melhor amigo trabalhava na TAM até pouco tempo atrás; para ser mais exato, ele estaria trabalhando exatamente naquele prédio da TAM Express que foi atingido. Em terceiro lugar, na semana passada tive meus amigos de São Paulo, Barcelona e Recife hospedados em minha casa; todos eles viajaram de TAM, e todos passaram por Congonhas, inclusive os não paulistanos.
Que eu saiba, não havia nenhum amigo ou conhecido no vôo (parece que o deputado Julio Redecker estaria na aeronave). Mas isso não faz minha angústia diminuir em nada. Só posso agradecer a Deus por eu não ter estado de viagem nesse dia, e rezar pelas almas das vítimas (eu crio em Carma coletivo) e pedir compreensão para os familiares das vítimas.
Já faz um tempão que o acidente aconteceu (quinze para as sete, cerca de uma horas e meia atrás), e até agora nenhuma ambulância saiu levando gente para o hospital (e não é apenas gente da aeronave, mas também pessoas que estavam no prédio, no posto de gasolina, nas cercanias, etc). A chance de haver sobreviventes é mínima, para não dizer nula. Segundo o Terra Notícias, seis pessoas teriam sido resgatadas com vida, mas com queimaduras graves, mas imagino que não sejam passageiros do airbus.
O que mais causa desespero nesse acidente é o fato de que essa pista foi reformada, e só foi liberada há relativamente poucos dias, custou cerca de 20 milhões de reais. E com todo esse investimento, com toda essa tecnologia, uma medida extremamente necessária para a liberação da pista, que é a implementação do “grooving”, as ranhuras no asfalto que permitem que a água da chuva seja drenada para evitar o que aconteceu hoje: a aquaplanagem de uma aeronave em aterrissagem.
Aqui não há fotos, não há vídeos, só há um misto de alívio egoísta por não ter estado nesse vôo, e uma dor imensa pelo desperdício de tantas vidas.