As Hijdras Cobradoras de Contas na Índia
Essa nova novela das nove, embora seja muito chata, embora relegue artistas do mais alto nível a papéis absolutamente ridículos, e que faça pensar que todos os indianos são supersticiosos, fúteis e fofoqueiros, tem alguns aspectos bem interessantes. Com um pouco de boa vontade a gente acaba aprendendo coisas novas.
No capítulo de hoje a bonitinha foi pra Índia exigir que o pai do filho dela registrasse o nascituro, mas ante a resistência da família do rapaz ela contratou os serviços das hijdras para cobrar a “dívida”. No começo fiquei na dúvida de qual seria a grafia correta: hijdra, rijdra, rígira, hígira, rijra, rijda, hijra. Mas nada como o bom e velho Google para tirar as dúvidas das pessoas.
Hijra é o nome que se dá a uma pessoa que pertence a uma casta do que chamam de “terceiro sexo”. São meninos que muito jovens são castrados, e criados nem como homens, nem como mulheres — e diferente do que pensam algumas mulas que deixaram comentário no blog da novela, não são travestis, nem homossexuais, nem nada, tampouco são representantes da “diversidade sexual”.
A novela mostrou a “utilidade” destas pessoas para cobrar dívidas, pois elas se postam na casa ou comércio do devedor e fazem o maior escândalo, gritando para o mundo ouvir (usando megafones, se necessário) o nome do devedor e o motivo da cobrança.
Mas não é necessariamente o medo da cobrança que faz com que o método das hijdras seja infalível, e sim a crença que os indianos tem de que as hijras são pessoas especiais, com poderes mágicos ou algo assim. Tanto que na cena do casamento as pessoas faziam fila para serem abençoadas por elas, e só de pensar em negar dinheiro a uma delas os caras surtavam de pavor.
Fico pensando nessas diferenças culturais, e nos sofrimentos a que estas pessoas são submetidas (não consigo imaginar-me sem meu amado pinto e todas as alegrias que passamos juntos nessa vida), na solidão, na privação de sonhos e objetivos.
Os supostos poderes das hijdras são creditados ao fato de elas serem solitárias, não tendo a quem dedicar seu amor; este amor acumulado as torna especiais, com poderes para abençoar recém nascidos e recém casados, ou amaldiçoar de maneira tenebrosa quem as contraria.
Para saber mais, consulte a Wikipedia.