As pessoas mais propensas a serem enganadas na Internet

Um “mercado” que nunca perde força na Internet é o de golpes: desde aqueles mais simples — como vender e não entregar — aos mais complexos (como sequestro de dispositivos e roubo de identidades), as possibilidades não cessam.

Este texto não tem a pretensão de fingir ser um “estudo” sobre o assunto, o que requereria método científico, documentação e revisão por gente capacitada de diversas áreas do conhecimento científico, tais como estatística e psicologia.

Durante a semana que passou observei atentamente todas as tentativas de golpe que chegaram a mim, com o objetivo de extrair delas algo em comum, e deduzi que o alvo de seus ataques (a “persona” ideal dos golpistas) é basicamente o mesmo:

• Pessoas com pouco conhecimento específico em tecnologia da informação;
• pessoas vulnerabilizadas, em geral (por falta de dinheiro, por problemas de saúde, por paranoia).

Creio que seja a mesma “persona” que os golpistas offline também almejam desde sempre.

Golpistas gostam muito de explorar as fragilidades das pessoas, contando com a culpa e a inépcia das vítimas como suas aliadas.

Um dos golpes mais comuns consiste em oferecer vantagens milagrosas de que as pessoas são privadas por alguma conspiração absurda qualquer. Quem não cansou de ver anúncios da “avó de Itaquaquecetuba que foi presa por aparentar apenas 26 anos”? Ou então de produtos milagrosos que os médicos não querem que a população conheça?

Outro golpe que apareceu bastante por estes dias consiste na venda de um curso de defesa pessoal voltado para pessoas de extrema-direita (as mais burras possíveis): a copy deles consiste em um absurdo mentiroso de que os movimentos de esquerda — que incluem até o Joe Biden (podem rir) — estão saindo às ruas para exterminar os eleitores do Trump e do nefasto brasileiro, e que só essa técnica “secreta” pode garantir a sobrevivência.

Os emails de sextortion, que exploram a culpa e a vergonha, continuam a pleno fôlego, sinal de que devem estar rendendo muita grana para os golpistas. Para quem não sabe: esse golpe consiste em enviar um email para a pessoa dizendo que seu computador foi invadido, e que o hacker tem gravações da pessoa se masturbando ao visualizar pornografia “extrema”, e que ou a pessoa paga uma quantia em Bitcoins para o golpista ou em uma semana as redes sociais da vítima estarão repletas dos vídeos mencionados.

Infelizmente, não parece haver uma maneira fácil de proteger as pessoas mais vulneráveis de golpes. Até mesmo especialistas em Internet estão sujeitos a ser vítimas mais ora, menos ora.