Comida chinesa com nome difícil
Aconteceu quando eu ainda morava em Porto Alegre.
Depois de trocar várias vezes de dono (ou de locatário, ou de ecônomo, ou sei lá que regime que usam para explorar esse tipo de comércio), o restaurante chinês no subsolo do Rua da Praia Shopping estava novamente em funcionamento.
O dono da vez (que parece ser o mesmo até hoje) era um senhor asiático, que muito pouco falava Português. Quem atendia os clientes era uma funcionária, que de vez em quando ensinava os nomes dos pratos e dos objetos para o patrão.
A comida era boa, preço bom, e eu ia almoçar lá quase toda semana.
Um dia eu estava almoçando, e o dono estava sozinho no restaurante. As pessoas pediam as coisas, apontavam, e ele as servia, e tudo ia bem. Para facilitar, uma plaqueta próxima a cada prato descrevia cada iguaria pelo nome.
De repente chegou uma mulher, toda emperiquitada, fazendo caras e bocas. Olhava para cada prato, dava uma mexidinha com a colher de servir, e ia para o próximo.
Ante uma determinada cuba ela ficou em dúvida, mas ou era míope ou era analfabeta (ou só burra mesmo), porque em vez de ler o que estava escrito na plaqueta ela preferiu perguntar ao dono do restaurante, que pouco falava Português.
— Que que é isso aqui, senhor?
O homem educada mas aflitamente apontou para a plaquinha. A mulher insistiu.
— Senhor, que prato é esse? É peixe?
Ato contínuo, o homem apontou a plaquinha novamente, enquanto tentava entregar um refrigerante zero para outro cliente.
A mulher perguntou umas cinco vezes, até que o pobre comerciante explodiu, primeiro com as mãos à cabeça, e um segundo depois com os dois braços para o ar gesticulando:
— É fulango, pola!