Consórcio ou poupança, qual vale mais a pena?

Recentemente tenho pensado muito em adquirir um imóvel. Até pouco tempo isso não era uma prioridade, nem mesmo uma cogitação, por uma séria de motivos que não cabem explicar aqui. Entretanto, sinto que está chegando a hora de fixar alguma sorte de raiz em algum lugar, por isso comecei a fazer cálculos e projeções para encontrar o meio mais fácil de comprar um apartamento.

A primeira coisa que fiz foi investigar os preços dos imóveis que me agradam. Como referência peguei um apartamento razoável numa praia do litoral paulista, e os valores oscilaram de 45 mil Reais a 60 mil Reais. Então, o valor do imóvel que decidi que vou comprar está em 60 mil.

De cara eu descarto a possibilidade do financiamento, pois como sou autônomo, não tenho saldo de FGTS e ganho pouco, não me qualifico para os financiamentos do SFH.

A primeira coisa que pensei é que seria mais fácil eu fazer um consórcio de imóvel, pois o modelo de poupança forçada seria mais compatível com meu perfil (não sou muito de poupar, sou mais de r me virando conforme posso com os recursos que tenho no momento). Como eu entendo é de hospedagem de sites e não de finanças, fui perguntar a quem entende.

Tá, na verdade, não foi exatamente uma consulta pessoal; eu consultei o blog do meu amigo Conrado Navarro, e encontrei o artigo que já no título mataria a minha dúvida: Consórcio – Nas entrelinhas, um mau negócio. Pelo quanto conheço o Conrado, pelo quanto confio nele, o fato de ele dizer que o consórcio é um mau negócio (e ele enfatiza: principalmente em se tratando de imóveis) já deveria ser suficiente para eu desistir da ideia.

Mas eu tenho que ver para crer, e como o Conrado não quis entrar no âmbito da matemática financeira para comprovar seus argumentos fui em busca dos números para comparar.

Para começar, fui à página de planos e preços de imóveis do Ribeirão Consórcios. Vi que se eu quiser um consórcio de um imóvel de 60 mil Reais, dentro das minhas possibilidades atuais, vou ter que pagar 150 prestações de 514,82 Reais. Em tese, doze anos e meio para obter a realização de meu objetivo, pagando um total de 77.223 Reais. Sendo bem honesto, essa diferença de 17.223 Reais já me incomodou um pouco, pois representa um gasto mensal — também teórico, claro — de 114,82 Reais mensais.

Em tese, pois aqui não estamos considerando correção monetária nem juros compostos, nada. Dou muito duro para ganhar meu dinheiro, e jogar mais de 110 Reais fora todo mês é algo impensável (115 Reais mensais na poupança, durante 150 meses, representam quase 35 mil de economia, o dobro dos 17 mil teóricos — daqui a pouco mostro como cheguei a esse valor).

Então resolvi calcular o custo do meu objetivo considerando a poupança (o Conrado também disse, e vive dizendo, que é melhor poupar e comprar à vista).

Fui até esta página e descobri que no mês de agosto (já que tinha de ter uma referência, peguei a mais recente) a poupança rendeu 0,5198%.

Em seguida fui até a Calculadora do Cidadão do Banco Central (tudo é do Cidadão, não suporto essa hipocrisia falaciosa, mas deixa pra lá).

Essa calculadora é muito inteligente, pois permite que você insira três variáveis e ela calcula a quarta, sem que para isso você (eu, no caso) precise saber toda a matemática financeira que embasa esta categoria de cálculo.

O primeiro cálculo que fiz foi para comparar os 60 mil da carta de crédito que o consórcio vai me proporcionar ao valor que 150 depósitos mensais de R$ 514,82, a uma taxa de juros de 0,5198% mensais me renderiam.

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Assustador! Mesmo com uma taxa de juros aparentemente ridícula como essa, ao fim dos 150 meses a poupança vai implicar uma economia de quase o dobro do valor da carta de crédito! Se cento e poucos Reais mensais já são um desperdício impensável, o que dizer de 57 mil?

A mesma calculadora me permitiu descobrir que em apenas 91 meses (cinco anos a menos do que o prazo total do consórcio) eu posso ter os meus 60 mil guardados, poupando os mesmos quinhentos e poucos mensais.

A única coisa que conta, em tese, a favor do consórcio é o fato de eu correr o risco de ser sorteado no início dos pagamentos, e poder comprar meu apartamento antes dos 91 meses necessários para juntar o dinheiro poupando. Entretanto, não há nenhuma garantia de que eu vá ser sorteado antes de pagar a última parcela.

Tem que pensar, né?!

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