De costas pro crime

Crescer no Brasil é incorporar ao inconsciente expressões ricas de significado, que não carecem de qualquer explicação porque suas origens falam diretamente com a alma de cada um.

Quantas vezes você viu aquele seu amigo entrar de sola, chutar a gengiva de outra pessoa e, passada a forte emoção, ele aplicar um migué e ficar tudo por isso mesmo? Tem gente que dá olé até em campo de várzea, outros podem estar no melhor tapete que ainda assim serão pernetas até os quarenta e cinco do segundo tempo.

É interessante, também, como brasileiro em geral tem dificuldade de tabelar: talvez pelos constantes tranqueiras ele chegue logo rasgando, e se tiver que ter um corpo estendido no chão que seja o do outro. Todo mundo quer tirar de letra e fazer gol de placa, mas deixar um companheiro de frente para o crime nem sempre é algo desejado ou mesmo visto com bons olhos.

Mas não julgo. As pessoas têm seus meios de campo muito embolados, e tirar os problemas para escanteio é uma arte. E quando a vida nos dá um chocolate, de perder-se pela linha de fundo, precisamos entender que também é possível fintar na retranca, e que firula nem sempre é defeito.

Uma hora acertamos bem onde a coruja faz o ninho, e vamos lembrar que ganhar de virada é melhor que depender apenas de gol relâmpago.

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