Grupo de pessoas na rua

Facebook vai diminuir o alcance dos posts sobre política

Mark Zuckerberg, fundador do Facebook (e seu principal executivo, até onde eu sei) anunciou recentemente que sua rede social vai passar a mostrar menos conteúdo sobre política para seus usuários, a começar por Brasil, Canadá e Indonésia, mas em breve a medida deverá também alcançar os Estados Unidos.

Vi poucas manifestações sobre essa notícia, provavelmente porque as pessoas não acreditam nesse discurso — haja vista a quantidade imensa de fake news que ainda empesteiam as páginas do Facebook.

Das pessoas que se manifestaram só vi gente “de direita” reclamando que uma medida destas é abusiva, atentando contra a liberdade de pensamento dos usuários da rede.

Esse argumento é absurdo, e para explicar nem é necessário fazer alusões à incapacidade do gado de pensar, que se tivessem legitimaria seu medo de perder tal liberdade.

Desde sempre o Facebook filtra como bem entende o conteúdo a que as pessoas vão ter acesso. Por mais que você só siga as pessoas “certas” tudo o que você vier a ler no Facebook terá passado primeiro pelos filtros automatizados da rede, que tentam entregar para cada um aquilo que terá maior engajamento — leia-se: o que a inteligência artificial considerar que tem mais possibilidade de induzir a pessoa a clicar para fazer algo que vá render mais dinheiro para o próprio Facebook.

Em outras palavras, quem reclama da “parcialidade” do Facebook está bastante mal-informado, uma vez que Zucka e seus acionistas não escolhem lado como nós, a mercadoria de seu produto, escolhemos o nosso: o lado dos investidores é o do dinheiro, e o que render mais grana no bolso dos anunciantes será o que aparecerá mais em nosso feed de notícias.

Fiquei curioso para saber se essa limitação já estaria ativa na minha conta do Facebook. Dei uma primeira olhada na linha do tempo e pareceu que ainda tinha mais conteúdo sobre política do que qualquer outro. Aí resolvi ser mais metódico e separei uma amostragem dos posts visíveis para mim (100 posts), e os categorizei.

O resultado:

Assuntos Pessoais13
COVID1915
BBB/Celebridades12
Humor12
Cultura9
Tecnologia11
Política18
Lixo1
Espiritualidade3
Bichinhos1
Jabá5

É claro que assuntos sobre COVID19 também são pautas políticas, bem como muitas das pautas culturais que aparecem para mim. E até mesmo as de humor ou sobre BBB às vezes são difíceis de ignorar o aspecto político que há ali.

Claro, minha bolha é um privilégio, pois gente burra, escrota ou fascista é ignorada, ou bloqueada, então eu não vejo o que essa gente compartilha, a não ser que me marquem na publicação.

E você, o que acha?


Leia o artigo original no New York Times (versão traduzida automaticamente para quem não lê em Inglês — dá pro gasto).

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2 comentários
  • Júnior Responder

    Também acho uma balela enorme. YouTube disse que cortaria a monetização de quem publicasse “conteúdo sensível”, mas a verdade é que se o canal tem um gado de milhões de reses e gera milhões de visualizações, YouTube mostra propaganda normalmente e tanto o canal como o site faturam com isso.

    Face até pode começar a diminuir esse alcance. Mas se a página for de um bom pagador, que paga bem para impulsionar seu conteúdo, o Facebook vai fazer vista grossa.

    • Janio Sarmento Responder

      Exatamente. Eu não teria dito melhor.

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