Mensagem ao Professor pelo seu Dia

Dia 15 de outubro é, como todos sabem, Dia do Professor. Todo mundo já está acostumado a uma enxurrada de textos crivados de clichês e lugares-comuns hipocritamente rendendo homenagens àquele profissional que todo mundo sabe que é, senão o mais, um dos mais importantes da sociedade dita moderna.

Este é mais um destes textos, exceto pela hipocrisia que deixo para os outros.

Para mim é fácil reconhecer a importância do professor, porque sou filho de uma professora. Uma das mais fodas, diga-se de passagem. Daquelas que além de ensinar para quatro séries diferentes ao mesmo tempo ainda cuidava da horta da escola para que não faltasse comida no prato das crianças que, exceto por mim e meu primo, dependiam da merenda escolar para ter comida no bucho.

Para além disso, eu mesmo me aventurei desde cedo pela profissão de ensinador. Mas diferente de minha mãe, eu não fui um professor tão foda — embora tenha sempre dado o máximo de mim por meus alunos — nem tampouco lecionei para crianças carentes: sempre lecionei em escolas particulares, para alunos adultos e que, ao menos em tese, se sustentavam e assistiam às minhas aulas por opção, e não por obrigação ou para garantir o almoço.

Não bastasse isso, tenho amigos-irmãos que são professores também, com quem convivo de maneira muito próxima, com quem eu poderia aprender, se já não soubesse, a importância do mestre na formação da sociedade.

Só que não é sobre minha mãe, sobre meus amigos ou sobre mim que quero escrever. Não diretamente.

Quero escrever àquela professora de Inglês que tive na sétima série, a Ana Maria, cujos comentários que deixava nas minhas provas foram o maior incentivo para que eu viesse a gostar tanto da Língua Inglesa. Ou ao Jonas, professor na quinta e na sexta séries, que foi um cara que realmente me inspirou: ele chegava na sala de aula munido de uma caixa de giz e um caderno de chamada, e dava as aulas mais completas que eu já vi; todo mundo pensava que ele era vagabundo e não preparava aulas, mas pelo contrário: ele preparava tão bem as aulas, e conhecia tão profundamente o conteúdo, que era capaz de desenvolver aulas inteiras sem precisar recorrer a material de apoio.

Quero agradecer ao Fernando, professor de Educação Física da oitava série, que a despeito de minha preguiça, e da falta de vontade de fazer exercício físico aliada à total ausência de habilidade em qualquer esporte, me obrigava à atividade física. “Um dia tu vai me agradecer por isso” — dizia ele no mais perfeito gauchês. Estou te agradecendo agora, Fernando.

Quero agradecer ao Edgar, que comeu o pão que o diabo amassou com a pior turma que ele já teve na vida. E que ainda assim, vinte anos depois, me encontrou na rua e me reconheceu, e ficou muito feliz por eu ter seguido a vocação para ensinar e por ter me tornado um bom homem.

Quero agradecer principalmente ao professor Sérgio (o Bobina, porque ele era muito enrolado). Sem tua ajuda, Sérgio, eu não teria terminado o segundo grau. Foste tu, ao me dizer “tu é um guri bom, só tá te faltando orientação” que me fizeste enxergar que intimamente eu sabia o que queria pra minha vida, e como queria conduzir minha carreira.

Eu sabia que não deveria ter começado a nominar os professores a quem eu sou profundamente agradecido pelo que fizeram por mim. Vai ser impossível de nominar todos, embora eu não esqueça de nenhum (nenhum mesmo). Desde a alfabetização até a faculdade, lembro do nome e da pessoa de cada professor que eu tive, e a cada um deixo aqui o agradecimento originado no mais profundo do meu coração. Cada um não sabe a importância que teve na minha vida, mas eu sei.

Espero que um dia eu tenha podido ser para meus alunos um terço do que o menos impressionante dos meus professores foi para mim. Foi, e ainda é, um imenso privilégio ter podido ser discípulo de cada um de vocês.

Parabéns pelo seu dia, Professor!

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