Não dê palco para fascistas

No discurso de Natal o Presidente Lula manifestou seu desejo de que as pessoas deixem suas diferenças de lado e voltem a conviver em harmonia. Ele falava, claro, das pessoas que escolheram cortar relações com as que evidenciam uma fé mais que absurda em políticos asquerosos como o fecálito falante.

Sinto muito, Presidente, mas não vai rolar. Quem tomou a decisão de se afastar dessa gente que se deixa fascinar pelo discurso violento, mentiroso e reducionista da extrema-direita, não vai recuar. Não se trata de não aceitar a ideologia “do outro lado” mas sim de uma questão de caráter: por que eu conviveria com gente que não está nem aí se sua pulsão de morte realmente implicar o derramamento de sangue inocente?

É claro que o Presidente tem razão em desejar isso, em pedir por essa pacificação. Errado estou eu em não querer olhar nos cornos de fascistas asquerosos, ou de não dar a chance de birulantes fascinados pelo discurso de ódio de se retratarem. Eu sei disso.

O máximo que eu posso fazer, e por isso é o máximo que tenho o direito de pedir aos outros, é que parem de dar palco ao fascismo. Parem de divulgar os feitos dos nojentos, mesmo que à guisa de “denúncia.” Os jornais e outros meios de comunicação já fazem esse papel. Nem vou entrar no mérito da motivação das empresas de comunicação que lucram com o ódio, com o racismo, a misoginia e a ignorância do povo.

Cada vez que um de nós, que abominamos o fascismo e suas manifestações, mesmo as mais sutis, “denuncia” os feitos execráveis de políticos sem um pingo de decoro, está reforçando o seu discurso. Sempre que mencionamos o nome desses bandidos estamos atiçando a curiosidade “da massa” que se alimenta de medo e ódio.

Em vez disso, enalteçamos os discursos e os feitos dos que nos são caros. A verdadeira resistência ao fascismo não se encontra no simples ato de repudiá-lo, mas sim na nossa capacidade de construir e enaltecer uma narrativa mais poderosa e positiva. Vamos focar em espalhar mensagens de inclusão, de compreensão, de justiça social e de respeito ao próximo — se não pudermos amar, que possamos respeitar o que é tolerável. Celebremos os líderes, as comunidades e as iniciativas que trabalham para um mundo mais justo, que promovem a educação, o respeito pelas diferenças, e que lutam contra a desigualdade e a opressão em todas as suas formas.

Ao invés de amplificar vozes de ódio e intolerância, dediquemos nosso tempo e energia para apoiar aqueles que trabalham por um futuro melhor. Sejamos proativos em nossa busca por um mundo onde a dignidade humana e a empatia sejam as bases de toda ação política e social. A mudança começa com cada um de nós, nas escolhas diárias que fazemos sobre o que compartilhar, sobre o que falar e, acima de tudo, sobre como agir. É assim que construiremos uma sociedade mais justa e compassiva, não apenas para nós, mas para as gerações futuras.

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