Nós não lemos — nós escrevemos — o manual

Envelhecer no TI tem alguma coisa estranha. Você muda de “promissor” a “resistente a mudanças” sem nem ao menos mudar coisa alguma. De repente, sua presença meio que precisa de explicação, como se o tempo tivesse mais autoridade do que o seu trabalho.

Eu não me sinto obsoleto. Eu me sinto maduro. E para ser honesto, um pouco cansado de fingir que idade é algo para se esconder.

Eu tive o privilégio de crescer nos Anos 80 — privilégio não por que as coisas eram melhores, mas porque elas estavam sendo construídas. Dos primeiros computadores domésticos às primeiras redes, do barulhinho dos modems às primeiras linhas de HTML, eu estava lá. Nós não lemos os manuais. Nós os escrevemos.

As gerações mais jovens são brilhantes, não há dúvuidas. Mas alguns de nós vimos os alicerces sendo assentados. Não aprendemos sobre tecnologia com influencers ou tutoriais. Aprendemos, isso sim, quebrando coisas e consertando-as antes que alguém notasse. E isso permanece.

Esse texto não é um desabafo, tampouco estou irritado. Só estou dizendo o que eu acho que muitas vezes deixamos de dizer: muitops de nós ajudamos a construir o mundo de que outros agora apenas desfrutam. E nós ainda estamos aqui, ainda aprendendo, adaptando e dando a cara a tapa.

Vai ver eu escrevi essas linhas para lembrar a mim mesmo que eu não preciso me explicar.

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1 comentário
  • Rodrigo Responder

    não precisamos explicar, ate a prx Janio!

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