O mundo não está pior, você que não está vendo direito

Saudosistas em geral são entes desprovidos de memória funcional que insistem em vocalizar a cada respiro a ideia de que “antes era melhor”. Pois bem, permitam-me desmantelar essa falácia insidiosa que tem feito as rondas em nosso tecido social.

Primeiro, vamos falar sobre os avanços sociais que, apesar de um mundo supostamente decrépito segundo os olhos nublados dos saudosistas, floresceram bem debaixo de nossos narizes. Em uma era não muito distante, o casamento entre pessoas do mesmo sexo era um tabu inimaginável, mas agora, a celebração do amor em muitos lugares do mundo é um direito resguardado e celebrado. É a evolução social em sua forma mais pura, demolindo as barreiras do preconceito e da ignorância.

Há também a liberdade de movimento. Hoje, a mobilidade geográfica é uma realidade palpável para muitos, desafiando as fronteiras físicas e ideológicas que uma vez nos confinaram a um espaço limitado de existência. O mundo se abriu, e com ele, um caleidoscópio de experiências e interações humanas que ampliam nossos horizontes e desafiam nossos preconceitos.

E a inclusão digital, essa revolução que conectou mentes, transcendeu fronteiras e democratizou o acesso à informação? Agora, toda informação do mundo está ao alcance de nossos dedos, desencadeando uma onda de inovação e conhecimento compartilhado que é nada menos que fenomenal.

E o que dizer sobre a intolerância? Ah, essa velha companheira dos saudosistas. Em seus “bons velhos tempos”, o racismo, o sexismo, a homofobia, e a zombaria para com pessoas com deficiência eram práticas cotidianas, passíveis de serem manifestadas impunemente. Era um tempo em que o preconceito e a ignorância eram socialmente aceitáveis, ou pelo menos, não eram confrontados com a veemência necessária. Contudo, o mundo evoluiu. Hoje, embora ainda tenhamos um longo caminho pela frente, a justiça social e a igualdade estão em ascensão. As vozes da marginalização estão sendo ouvidas, e os perpetradores de ódio estão sendo responsabilizados. A sociedade não está mais disposta a tolerar o intolerável, e isso, meus caros saudosistas, é uma bênção, não uma maldição. É a prova viva de que estamos, sim, avançando na direção certa, desafiando as normas obsoletas que uma vez perpetuaram a injustiça e a desigualdade.

Mas, claro, os saudosistas irão ignorar essa tapeçaria de progresso e focar em pontos negativos isolados. Sim, temos desafios colossais à nossa frente, como as mudanças climáticas, o ressurgimento do fascismo, e conflitos globais, o genocídio de etnias inteiras. No entanto, esses desafios não são indicativos de um mundo em deterioração, mas sim um chamado para a ação, um convite para empregar nossa coletividade e inteligência na criação de soluções robustas.

A narrativa de que o mundo está em um estado de degradação irrevogável é não apenas falsa, mas perigosamente derrotista. Ela paralisa a ação, sufoca a esperança e alimenta a apatia. Então, da próxima vez que você ouvir alguém lamentar os “bons velhos tempos”, lembre-os gentilmente (ou não tão gentilmente, se a ocasião pedir) de que o progresso é uma jornada contínua, e que estamos avançando, mesmo que a estrada seja árdua e cheia de obstáculos.

Então, antes de você se lamentar pela “perda dos bons velhos tempos”, talvez seja hora de tirar os óculos cor-de-rosa e dar uma boa olhada no mundo ao seu redor. Você pode se surpreender com o quanto nós avançamos.

Ah, e quanto àqueles que ainda insistem que “antes era melhor”, sugiro um exame de realidade, ou talvez uma viagem de volta ao passado para testemunhar em primeira mão as “maravilhas” daquela época. Aposto que a viagem de retorno ao presente será muito mais apreciada.

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1 comentário
  • Brigitte Responder

    Muito bom texto Jânio.
    E, que leitura agradável.
    Seu artigo nos convida a filosofar sobre um hábito de não querermos que a vida mude.
    Sob o romântico manto do saudosismo.

    Brigitte

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