O que eu acho de Silas Malafaia e seus iguais

A polêmica da semana que passou foi em cima do comercial d’O Boticário para o dia dos namorados, em que apareciam casais trocando presentes: um casal hétero, duas moças, e dois rapazes. Os “defensores da família” fizeram o maior auê conclamando obtusos do Brasil inteiro a boicotar a marca porque esta defende a implantação do homossexualismo no Brasil, ou coisa parecida.

Durante os últimos dias tenho visto meus amigos aplaudindo a atitude d’O Boticário, que se manteve firme em seu posicionamento de apoiar toda forma de amor, e alguns homofóbicos destilando ódio e medo disfarçados de interesse pela continuidade da humanidade.

O auge do ridículo foi quando o telepastor Silas Malafaia gravou um vídeo incitando boicote à marca de perfumes, o que é de menos, uma vez que muito antes da veiculação do comercial (na aprovação do roteiro) ela já sabia que estava fazendo uma opção pelo público formado pelos homossexuais e pessoas simpáticas à igualdade de direitos, e abrindo mão dos que acham que por serem maioria são melhores que os outros e por isso têm o direito de hostilizar e reagir com violência à existência da minoria.

Depois de bloquear um monte de gente tosca no Facebook (todos isentos de preconceitos contra os veados nojentos, todos amorosos com os diferentes mas rezando para que o deus deles não esquecesse de providenciar uma maldição bem escabrosa para os depravados) achei que eu poderia escrever um ou dois parágrafos sobre o que eu realmente acho destes “líderes” cuja personificação mais imediata é o Malafaia.

Aliás, Malafaia é muito extenso para escrever, então doravante vou referenciar este cidadão pela forma reduzida de seu nome: Mala.

Tenho visto muitos blogs pretensamente sérios defendendo a tese de que o Mala é homossexual enrustido, e que sua sanha assassina contra os gays seja uma projeção do ódio que tem de si mesmo por não permitir-se viver plenamente sua sexualidade.

A teoria geral da homofobia também sugere que ele possa ter sido vítima de abuso por parte de algum homossexual (não vale pensar que ele foi comido mas o bofe não ligou no dia seguinte, essa configuração não conta), e portanto teria desenvolvido um ódio generalizado a todos que possam lembrar-lhe de sua dor (psicológica, não literal — ou talvez sim, sei lá).

De minha parte, acho que as coisas são muito mais simples, nada tendo a ver com o desejo realizado ou não do Mala.

Em minha opinião, o Mala é muito inteligente, muito perspicaz, sabe reconhecer oportunidades, e sabe como ninguém cultivar uma marca (ou “brand” para o pessoal que gosta de anglicismos). Muito cedo identificou uma parcela imensa da sociedade que realmente cultiva os valores que ele prega: dominação pelo medo (tanto que a massa ignara se diz temente a Deus em vez de guiar-se pelo Amor), opressão, violência contra quem não se encaixe nos “padrões,” etc.

Essa gente que faz a escolha pela estupidez também é covarde, manipuladora, e tem uma necessidade patológica de fingir-se (e acreditar-se) santa, o que automaticamente as impede de assumir suas escolhas. Eles jamais dirão “eu odeio tudo que não seja homem heteronormativo,” e por isso mesmo aceitam de bom grado que um “líder” venha dar eco aos seus discursos, assumindo a responsabilidade que eles próprios não têm personalidade para assumir.

Para além de aceitarem um líder que assuma a autoria dos pensamentos que são deles, estes mentecaptos se propõem a pagar para ter o privilégio de se esconder atrás de um telepastor, seja na forma de dízimos, seja na forma de doações, ou de compra de produtos ou mesmo de votos que alcem estes interesseiros a postos de representatividade e prestígio.

É o negócio perfeito, e qualquer um com um pingo de tino comercial há de concordar comigo: identifique a necessidade da massa, ofereça a solução e cobre por ela. Tendo carisma e oratória o suficiente, o sujeito além de fornecedor de solução também vira santo.

Então, gente, não sejam burros: o Mala pode até ser uma biba presa no armário, mas é muito mais provável que ele apenas esteja cagando e andando para esta questão toda, mas faz o sacrifício de parecer idiota para que os verdadeiros idiotas continuem a venerá-lo e a comprar o que quer que ele tenha para vender.

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1 comentário
  • lufreitas Responder

    pronto, disse tudo lindamente… eu aqui simplesmente ignorei a onda… viva a liberdade! (e qto mais ela avança, mais aparecem os terroristas querendo apagar a moça do mapa…)

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