Por que montei um Hackintosh

Desde que comprei meu primeiro Mac, lá por 2007 ou 2008, que nunca mais havia comprado um PC. Até usei Linux algumas vezes como estação de trabalho, mas Windows não. No decorrer desses anos sempre tive computadores da Apple, que se por um lado custam uma fortuna, por outro são quase eletrodomésticos no que diz respeito à facilidade de uso e manutenção: é só ligar e usar.

Obsolescência programada

Acontece que a Apple costuma tornar obsoletos seus produtos com uma rapidez desnecessária, em meu modo de vista. Versões mais recentes dos sistemas operacionais (tanto de computadores quanto de outros dispositivos) simplesmente requerem um hardware mais recente para poderem ser instalados.

Não se trata sequer de não dispor de todos os recursos, já que alguns dependem mesmo das atualizações físicas; mas sim de privar completamente o proprietário de atualizar seu equipamento, condenando-o a perder dinheiro e a descartar equipamentos de alto custo de aquisição, em perfeito funcionamento, porque não é de interesse da empresa continuar prestando suporte.

Em 2012 já escrevi sobre isso (Apple: será o fim do amor?), e embora de lá para cá eu tenha sempre podido pagar pelos upgrades que a Apple requer, o sentimento de estar sendo explorado pela marca não mudou.

Hackintosh

“Hackintosh” é como se chama um computador não fabricado pela Apple em que se instala o seu sistema operacional, o MacOS.

Desde quando meu iMac (de 2011, durou praticamente oito anos) teve um problema irrecuperável na placa de vídeo, venho cogitando adquirir um novo ou montar um hackintosh. E na semana retrasada um amigo querendo desfazer-se de um PC acabou possibilitando que eu realizasse o plano.

Por que instalar MacOS em um PC

O motivo para instalar um MacOS em um PC é muito simples: o sistema é bom pra caramba: bonito, estável, rápido, simples e intuitivo. Há quem não goste, mas gente masoquista existe em toda parte.

É o tipo de coisa que não dá para explicar para quem não usou, ou que só viu o MacOS.

Normalmente o principal argumento para alguém refutar o Mac é “com o dinheiro desse computador eu monto um PC com especificações muito melhores” (normalmente quem diz isso tem um Celeron com 2GB de RAM, mas não vem ao caso).

Hackintosh é justamente um jeito de fazer com que esse PC de boas especificações fique ainda melhor, ao instalar um sistema operacional superior ao que o Windows não chega a ser desde o Windows 2000 Server Edition.

Além disso, há um componente de “desafio” nessa parada. Eu, pelo menos, me sinto desafiado a fazer com o computador e com o sistema algo para que eles, em princípio, não foram projetados para ter ou ser.

A legalidade do Hackintosh

Há quem diga que Hackintosh é uma prática ilegal. O que pode ser bem verdade em se tratando de Estados Unidos, ou até outros países. No Brasil, contudo, é proibida a venda casada, que é o que a Apple faz é vender sistema e equipamento juntos.

Quem comprou seu OS X (eu tenho mídias de instalação, além de ter mais Macs em uso) pode fazer o uso que quiser, descaracterizando, portanto, qualquer aspecto de ilegalidade que o Hackintosh pudesse ter.

O meu Hackintosh

A configuração de meu Hackintosh, basicamente, é a seguinte:

  • [minicta url=’https://amzn.to/30QcHRt’ verb=”]Processador i7 4,2GHz[/minicta]
  • 32GB de [minicta url=’https://amzn.to/359Wrhx’ verb=”]memória RAM DDR4 de 2400MHz[/minicta]
  • [minicta url=’https://amzn.to/31QkoZj’ verb=”]SSD de 512GB Nvme[/minicta]
  • [minicta url=’https://amzn.to/323cdZq’ verb=”]Placa Asus Gamer Z390F[/minicta] (há mais recentes, ainda melhores para Hackintosh)
  • [minicta url=’https://amzn.to/2MlsqTp’ verb=”]Placa de Vídeo Radeon RX-560[/minicta]

Comprei esse conjunto todo, ainda acompanhado de uma fonte de 750W e um gabinete estiloso, e com sistema de arrefecimento com água, por módicos R$ 3.000,00 — o que é uma pechincha, se considerarmos que só o processador custa mais de 2.300 Reais, e o SSD acima de 1.000.

Completam o conjunto um [minicta url=’https://amzn.to/2omEH1V’ verb=”]adaptador Bluetooth da Orico[/minicta] (sensacional, é só “espetar” na USB e em fração de segundos o sistema o reconhece) e uma placa wifi da TP-Link, que é uma verdadeira bosta; acabei desistindo dela, e estou usando conexão via cabo — o que implica perder o Handoff, mas não se pode ganhar todas.

O monitor que estou usando nele é um [minicta url=’https://amzn.to/30U94d3′ verb=”]LG de 31,5 polegadas, resolução 4k,[/minicta] que excedeu muito minhas expectativas: não há distorção de cores, quase não há reflexo de outras fontes de luz, não há “vazamentos” de cor, nada. Um excelente produto!

Haverá quem diga que a RX-560 é uma placa “ruim”, que tem apenas 4GB de RAM, e seja lá o que for. Para as minhas necessidades, contudo, ela é perfeita; não preciso investir em uma placa de vídeo mais cara porque não haverá ganho algum para o meu uso — o que pode não ser verdade para quem precisar renderizar vídeos, por exemplo. Não sei, cada um sabe de si.

E em se tratando de instalar as versões mais recentes do MacOS, é obrigatório que o Hackintosh tenha uma placa de vídeo AMD, uma vez que do Mojave em diante a Apple parou de dar suporte às placas da Nvidia.

A instalação do meu Hackintosh

Para instalar meu Hackintosh segui as orientações deste vídeo aqui, do excelente canal do Gabriel de Pinho:

Tive dois problemas, contudo, para instalar meu Hackintosh:

  1. Mesmo desabilitando a placa on-board (integrada) da Asus, se conectar o monitor a ela, haverá sinal — ou seja, a placa não será efetivamente desativada; para que o Hackintosh instale e funcione corretamente é necessário conectar o cabo de vídeo diretamente na placa dedicada, mesmo que o computador demore mais a iniciar (ou a mostrar imagem).
  2. Como havia um Windows previamente instalado no SSD foi impossível de fazer o reparticionamento da unidade; consegui fazer a primeira instalação com uma gambiarra usando o Utilitário de Disco (dupliquei o pendrive de instalação no SSD, e depois consegui reparticionar), porém o sistema só iniciava pelo pendrive de instalação; aí baixei um Linux em outro pendrive, e usando o fdisk consegui eliminar todas as partições, remover todos os resquícios de Windows, e enfim usar a unidade do jeito que eu queria.

Palavras finais

Eu não poderia estar mais satisfeito com meu Hackintosh. Além de ter sido bem divertido encarar o desafio de instalar o sistema e fazer as configurações, o resultado final foi um computador incrivelmente rápido e estável, que atende totalmente minhas necessidades.

Além disso, o custo da máquina foi muito inferior a um Mac oficial: enquanto eu gastei apenas 3.000 Reais nela, um MacMini com configuração semelhante sairia por mais de 17.000 Reais.

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