Por que ninguém prende contrabandista de remédio?
Tem certas coisas que me deixam muito irritado. Uma delas é gente que tenta tirar proveito dos outros (principalmente quando “os outros” me incluem).
Como os leitores e amigos sabem, tenho alguns blogs na Internet, entre os quais uns vários sobre o assunto emagrecimento. Diariamente esses blogs recebem dezenas de comentários de todo tipo de gente, sendo que os mais frequentes são de pessoas postando simpatia para emagrecer (bando de preguiçosos, que em vez de fazer algo por si esperam uma solução mágica — mas deixa eles pra lá), seguidos de bem pertinho pelos desesperados para comprar remédio controlado sem receita, e pelos pilantras que oferecem esse tipo de “mercadoria”.
É claro que eu nunca publico esse tipo de comentário. Até com publicidade, evito ao máximo autorizar banners sem ter certeza de que o produto é confiável. Mas eu sou um entre milhares de blogueiros, entre seis bilhões de seres humanos, que é uma espécie entre 3 milhões catalogadas na Terra, que é um planetinha ao redor de uma estrelinha em uma única galáxia entre 200 bilhões num único universo possível (referência — dica do @rsazevedo).
Existem milhares de blogs e fóruns não moderados Internet afora, e é facílimo para quem queira encontrar informações a esse respeito, com telefones de contato, emails, MSN, e o que mais for.
Aí, se eu que sou nada nem ninguém, consigo encontrar esses pilantras, por que a Polícia Federal, a ANVISA, ou sei lá quem mais, não conseguem? Todo mundo cansa de ver na tevê reportagens investigativas mostrando como se faz para rastrear um pilantra desses: basta contactar, fazer-se passar por cliente, fazer uma negociação, e cair matando.
A SaferNet tem um sistema de denúncia de crimes virtuais que é muito interessante, porém comércio negro de medicamentos controlados não está previsto como um tipo de crime investigável por eles; além disso eles exigem uma URL para confirmar a denúncia, e como vou informar uma URL de um conteúdo que eu não publiquei nem posso publicar, sob o risco de o criminoso ser eu?
Já tentei denunciar este tipo de prática à ANVISA e à Polícia Federal, mas nunca conseguiu sequer um número de protocolo para poder acompanhar o andamento da denúncia.
E aí, o que fazer? Qual a minha alternativa para, na condição de cidadão que quer viver num país melhor e mais justo, combater essas ameaças à saúde pública que são os contrabandistas de remédios? Quanta gentes esses criminosos não matam sem nem ter que ensanguentar as próprias mãos? Quantas vidas poderiam ser salvas se a mesma facilidade que eu tenho de encontrar esses bandidos fosse usada pelas autoridades para metê-los em cana?
Com a palavra, os leitores.