Reforce sua bolha

Você sabe o que é uma bolha de civilidade. É um espaço imaginário dentro do qual a pessoa fica protegida da agressão e das atrocidades características das demais pessoas, ou do ambiente em que se vive. A minha bolha é sagrada, como já falei antes, e a sua também é.

Todas as pessoas que fazem parte da minha bolha estão, como eu, ameaçadas. O cinismo e a patifaria já estão institucionalizados no Brasil, e em vez de punirem-se criminosos estes são recompensados, admirados e elevados à condição de heróis. A burrice e o obscurantismo já ocupam o lugar que deveria ser da ciência e da curiosidade saudável.

Não é meu objetivo aqui analisar causas deste fenômeno, até porque não tenho nem paciência, imagine energia para este tipo de tarefa. Desconfio que seja porque aquela parcela da população escolar que sempre se destacava pela burrice e pela violência tenha cansado de se ver em segundo plano, à sombra dos mais humanos e inteligentes, e agora resolveram institucionalizar o bullying como discurso e atitude política. Não, mentira minha, é mais complexo do que isso, mas não estou com saco para essa discussão.

O fato é que a extrema-direita, ignorante e desumana, chegou ao poder para ficar. Nem é só no Brasil, mas como é aqui que vivo (e onde espero não morrer) não vou citar exemplos de além-fronteiras.

Com um discurso raso e hipócrita de combater “inimigos” essa gente vai protegendo os seus e sendo aplaudida pela massa de manobra. E se apenas protegesse os seus até seria menos ruim. O fato é que eles estão perseguindo abertamente os desafetos.

Cheguei a fazer um apanhado de links para matérias em que o jornalismo tradicional fala do uso de ferramentas do Estado (como a ABIN) para a elaboração de dossiês sobre pessoas públicas (ou não) mais afeitas ao progressismo para pautar a criminalização de qualquer um que se oponha ao negacionismo e à destruição da soberania brasileira. Mas na minha bolha as pessoas já sabem disso, não preciso chover no molhado.

Agora, o que podem esperar as pessoas que são perseguidas por essa gente má que ou está no poder, ou representa os valores e desejos da maioria da população brasileira? Violência, é claro.

Eu, que não tenho uma grande audiência, não sou “influenciador” de porcaria nenhuma nem interajo com fachos, recebi ameaça por escrito essa semana, em comentários aqui no Blogue (num post em que comento que ao procurar pelo lado bom do bolsonarismo descobri que este é uma esfera). Anteriormente já tinha sido ameaçado de processo judicial por um sujeito que é advogado das milícias cariocas, famosíssimo entre os leitores de The Intercept por figurar em muitas reportagens investigativas. Daí a reconhecerem na rua que sou um dos que eles querem “varrer” da face da Terra, é um pulinho.

Portanto, é importante que nós cuidemos de nossas bolhas, que as reforcemos, e que as utilizemos para cuidar de nós mesmos e dos que dela fazem parte.

Vamos tratar de prestigiar e aproximar as pessoas que têm os mesmos valores que nós, vamos comprar produtos e serviços que estas pessoas vendem, convidá-las para nossas casas quando a pandemia passar. Precisamos fortalecer nossa bolha, e fazemos isso fortalecendo as pessoas que fazem parte dela.

Com um pouco de sorte e um muito de trabalho e cuidado conseguiremos criar um universo paralelo livre dessa gente asquerosa que prega a morte e o negacionismo, desses facínoras que querem nos expulsar de nossa própria pátria com tiro, porrada e bomba. Se cuidarmos um do outro, dentro da nossa bolha, conseguiremos sobreviver, apesar da nojeira que o povo escolheu como seus representantes nos cargos eletivos.

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