Servir a Dois Senhores

Tornou-se popular a frase proferida pelo Cristo de que não se podem servir a dois senhores, mas raramente tenho a impressão de que as pessoas sequer pensem no assunto, quanto mais entenderem significados mais profundos na citação.

O Cristo sempre tinha ensinamentos iminentemente práticos, nada do que Ele pregava eram temas esotéricos ou inacessíveis às pessoas comuns do Seu tempo. Naturalmente muitos vigaristas surgiram para tentar roubar o que o Cristo legou à humanidade, e muitos obtiveram até relativo sucesso haja vista a enorme quantidade de otários por aí pedindo para ser enganados.

Quando alguém lembra dessa máxima crística normalmente está tentando pôr o interlocutor numa posição de culpa em nível praticamente cósmico: convence-se o sujeito de que ele está traindo ninguém menos que o próprio Deus. Em alguns casos até é isso mesmo, mas agora isso não importa.

Quando o Cristo ensinou a respeito de não servir a dois senhores certamente Ele se referia ao mal que as pessoas fazem a si mesmas quando se recusam a fazer escolhas e tomar decisões. Manter-se em situação de indecisão implica um desgaste emocional gigantesco, que não raro acaba por refletir-se no estado de saúde do sujeito.

Um mestre certa vez comparou as opções que a vida acaba nos oferecendo a faróis daqueles de orientar o tráfego de embarcações próximas à praia. Ora, não é possível que um barqueiro se sinta seguro para navegar caso haja dois faróis para apontar caminhos diferentes.

Assim na vida, quando decisões há para serem tomadas, mas o sujeito fica adiando-as, tentando evitar o eventual sofrimento que a escolha possa implicar. Muitas vezes as pessoas dizem que não querem escolher porque isso faria com que outras pessoas sofressem. Ora, não escolher, além do mal que o sujeito faz a si, implica ir envenenando essas pessoas queridas diariamente, em doses minúsculas mas sem trégua.

Do ponto de vista do ego, escolher é perder, e por isso é tão difícil tomar uma decisão.

Porque se há meios termos possíveis, automaticamente as pessoas acabam indo para eles. Mas se há a necessidade de uma escolha, e uma escolha que implique deixar de fazer ou obter alguma coisa (esta é a perda que o ego percebe), então está claro que não há meio termo possível, e a única coisa saudável a fazer é decidir.

Não importa pelo que se decida, o importante é decidir.

E fazer dessa decisão o seu farol, o seu guia, e passar a viver de acordo com essa escolha.

Qual foi a sua escolha vital? Por quê? Qual é sua indecisão nesse momento? Os comentários são seus.

Newsletter

Gostou deste conteúdo? Informe seu email e receba gratuitamente todos os novos posts na sua caixa de entrada (será necessário confirmar a inscrição em seguida, verifique sua caixa postal).

Deixe seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.