Você sabe o que é xapapéli?
Na época em que eu estudava na Unisinos ocasionalmente tomava um ônibus no centro de Porto Alegre que me deixava nas proximidades da faculdade, saindo do antigo terminal da Praça Rui Barbosa.
Como todo terminal de ônibus em cidade grande, ali não faltavam figuras pitorescas, sendo que dois eram um “tio” e uma “tia” que vendiam seus produtos aos passageiros que ali se amontoavam.
O “tio” era um sujeito quase da minha altura, grisalho, olheiras marcadas que o deixavam com cara de guaxinim. Ele tinha um “mantra” que entoava para vender seus produtos.
— Ó o figerante relado! Ó o figerante relado!
Diversas vezes eu comprei latinhas de “figerante” que nem era tão “relado” assim.
Já a “tia” foi um caso bastante diferente, demorei um semestre inteiro para entender o que ela vendia. Seu mantra não ajudava muito.
— Xapapéli xapapéli xapapéli xapapéli xapapéli xapapéli…
Que raios seria um “xapapéli”?
Eu olhava para a “tia”, para o seu tabuleiro, mas não conseguia identificar o que seria um “xapapéli”.
Conversando com uma amiga (de quem morro de saudade, e se ela estiver lendo esse texto vai saber disso) cogitamos que fosse uma palavra composta, que deveria ser “chapa-pele”. E aí? “Chapa-pele” também não fazia o menor sentido.
Até que um dia eu não aguentei, fui mais cedo para o terminal, e abordei a “tia”, após inspecionar o tabuleiro e não conseguir identificar o que seria um “xapapéli”.
— Tia, o que a senhora vende?
— Lixa pa pé, meu fio! Vai levá?