#365Posts – Os Expectadores de Cinema mais Mal Educados do Universo Conhecido

Há menos de um mês morando em Recife (a rigor, em Jaboatão dos Guararapes), ontem tive a primeira experiência realmente desagradável, porque é do tipo que me faz esquecer milênios de evolução espiritual, levando-me ao desejo de matar com minhas mãos nuas.

É que resolvi ir ao cinema assistir ao novo filme do Capitão América. Lá chegando (Cinépolis do Shopping Guararapes), a primeira impressão foi péssima, pois não havia ar condicionado na sala de espera. A segunda impressão foi pior ainda, pois a sala fedia a mofo, e tive uma crise de espirros que demorou tanto pra passar que quase chega à metade das propagandas que antecedem os trailers.

Mas algo havia de bom em tudo isso: o cinema estava praticamente vazio, e parecia que eu estava prestes a ter uma sessão exclusiva pelo preço de meia entrada (benefício a que tem direito todo cliente do Santander).

Só que não.

No meio dos trailers começou a chegar gente e a sentar, a despeito do tamanho da sala, próximo a mim. Havia famílias com crianças (eu imagino o quanto petizes de três anos de idade aproveitam um filme como esses blockbusters da Marvel), casais de namorados. Todos barulhentos, comendo coisas em embalagens barulhentas, e todos muito irritantes.

Às minhas costas sentou um casalzinho, e o cara passou o filme inteiro explicando pra guria o que estava acontecendo. Acho que ela era cega, só pode. E, bem, não foi o filme inteiro, foi até a metade, até eu pedir duas vezes para eles fazerem silêncio, e na terceira perguntar se eu teria que providenciar com minhas próprias mãos para que ele parasse de falar.

Contudo, engana-se quem pensa que o prazer de assistir ao filme seria recobrado.

Do outro lado do corredor havia um outro casalzinho, e só o que se ouvia era a voz da garota:

— Para, ai, para… Eu já te pedi pra parar, por favor, para… Ai, para, amor, para…

Era o desgraçado que não satisfeito com o 3D do filme metia a mão na namorada a cada vez que a Viúva Negra aparecia na tela. Não sei se era nos peitos da guria, no entrepernas, ou onde, só sei que era a Scarlett (sem sobrenome, para parecer que somos íntimos) aparecer na tela para a infeliz manifestar o desconforto com o “amor”.

Aí eu tive que apelar novamente.

— Como é, cara, você vai continuar abusando dessa menina até quando? E você, vai ficar com esse estuprador até quando, menina? Já ouviram falar de Maria da Penha?

E, assim, pude ver o resto do filme em paz, a despeito de umas crianças chorando aqui e ali. Mas até compunham bem com os efeitos sonoros do filme, ajudaram a dar um tom mais dramático às cenas.

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3 comentários
  • AlessandroMartins Responder

    Eu gosto quando rolam essas coisas pois é uma desculpa para desempenhar meu lado psicopata. Sou um Dexter light.

  • lumonte Responder

    Eis a razão de eu quase não ir ao cinema hoje em dia.
    Dia desses, numa peça de teatro, a guria ao meu lado ligou o celular três vezes (em uma hora e meia de peça) pra navegar no feice, mostrar foto pro namorado, patati-patatá.
    Vou me tornar uma velha reclusa, vai vendo.

    • Janio Sarmento Responder

      Eu já sou um velho recluso, Lu. A tendência é piorar (ou não, depende do ponto de vista).

Responder Janio SarmentoMenu

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