Arrogância, Grosseria e Complexo de Inferioridade

A Lu Monte publicou o post Das pequenas grosserias do dia-a-dia, a Simone em resposta publicou o post Da Falta de Gentileza, e eu resolvi pitaquear um pouco.

O quadro geral as meninas descreveram muito bem, e qualquer um com um pingo de bom senso percebe por si mesmo o quanto o mundo está agressivo, o quanto as redes sociais estão crivadas de gente mal humorada, egoísta e incapaz de colocar-se no lugar do outro.

Tudo o que minhas amigas escreveram está certo, porém me parece que exista um componente a mais aí, que é a raiz de todos os males relacionados à agressividade, falta de compaixão, machismo, e tudo o mais: um complexo de inferioridade que se desenvolve, num mecanismo de defesa, para prepotência, soberba, e outros comportamentos nocivos, para tentar evitar morrer de medo.

No exemplo citado pela Simone (a amiga da filha dela que do nada resolveu chamá-la de chata) fica evidente que devido à separação dos pais ela se sente inferior às amigas que têm uma família “completa”; para conseguir sobreviver a pessoa então converte este sentimento de inferioridade em um arremedo de superioridade, e passa a agredir aqueles que representam uma “ameaça” à sua estabilidade.

O mundo está cheio de gente assim. Parece que só tem gente estúpida e grosseira.

São uns coitados, infelizmente. Não têm outro recurso para gerenciar sua fragilidade a não ser vestir uma carapaça, calçar as ferraduras e sair distribuindo coices e murros (verbais ou literais). É o mecanismo da violação, pelo qual aqueles que sofreram algum tipo de abuso ou violência automaticamente se sentem autorizados a abusar e violar também para compensar o seu sofrimento.

É claro que não estou dizendo que seja fácil (ou mesmo recomendável) tolerar estes comportamentos agressivos e opressores. Mas sim que ter a noção de que tais comportamentos são originados na dor que estes agressores sentem me facilita ter um pouco mais de freios na tendência de tornar-me um igual.

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1 comentário
  • Simone Miletic Responder

    Adorei o final do teu texto!! Isso na verdade é o resumo de empatia, entender porque o outro fez algo e se colocar no lugar ao invés de atirar uma pedra. Quando aconteceu essa situação aqui eu conversei muito com a Carol, falei que a menina poderia estar com mil problemas ou que ela pode realmente não gostar dela, que ela tem esse direito. E que eu sei o quanto isso é frustrante, mas que ela não deveria transformar em raiva a frustração, que ela não deve aceitar ser destratada, mas não destratar de volta, que não é resposta.

    Contei depois à minha psicóloga o ocorrido e ela me falou que outras mães podem achar que alimentar a raiva, falar mal da menina que feriu sua filha, diminui a dor, diminui a frustração, e não percebem que apenas estão criando um novo monstrinho.

    O negócio é respirar fundo.

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