Plantinha nascendo em ambiente urbano simbolizando esperança

Como vencer o bolsonarismo em 2022

Sempre digo que não acredito na possibilidade de eleições democráticas e limpas em 2022: se o asno vir a possibilidade de ser derrotado nas urnas, vai tratar de fraudar ou mesmo de impedir que o pleito eleitoral ocorra.

Entretanto, este é o primeiro post de 2021 e gostaria de manter o moral um pouco mais elevado, com alguma esperança de reverter esse processo canceroso que assola a política brasileira. Por esta razão, vou expor o que penso ser a única possibilidade de o onagro apedeuta sair do poder (e nem será à maneira como saiu Mussolini, mas não se pode ganhar sempre).

A personagem

Quem vê o presidente do Brasil expressando-se com a fluência de um neandertal, usando as roupas mais escrotas, de dente podre, vocabulário restrito a xingamentos e agressões, pode pensar que ele seja o imbecil que parece ser. Não é.

Este é um personagem construído cuidadosamente, seguindo a cartilha da extrema-direita, que busca criar uma personagem com que se identifiquem as camadas menos esclarecidas da sociedade, as menos capazes de pensamento crítico. Quando eu dizia haver 57 milhões de fascistas no Brasil, em 2018, eu estava enganado: talvez uns 17 milhões sejam fascistas mesmo, o restante é de pessoas manipuláveis, sedentas por encontrar um “inimigo” a quem creditar suas derrotas pessoais (que os fascistas chamam de “comunismo”, “esquerda”, ou outra coisa qualquer).

Outros representantes da extrema-direita também criaram “personas” para si com as mesmas características, chamando de honestidade e sinceridade os discursos de ódio que cometem o tempo inteiro, e até mesmo crimes que vão além do verbo. O laranjão foi o modelo mais imitado pelo supremo jerico, e isso é importante de ter em mente.

O administrador

Por outro lado, o muar antropomórfico — que ainda nada de braçada na popularidade — tem demonstrado total incapacidade de desempenhar as funções do cargo que ocupa.

Foram e são muitos vexames internacionais, que nem preciso listar. É muita crueldade com as pessoas, para quem ele só parece desejar a morte e a destruição (só parece, porque mais do que a morte ele deseja mesmo é o sofrimento, haja vista o quanto aprecia a tortura).

A estratégia

Para combater o bolsonarismo da maneira correta é necessário considerar os modelos que o próprio presidente segue; especificamente, havemos de considerar que o laranjão foi derrotado nos Estados Unidos, a despeito da sua imensa máquina de mentiras e de manipulação.

Os mesmos elementos que levaram Trump à derrota são os que podem levar o onagro a perder nas urnas: mostrar ao povo o quanto suas necropolíticas são a prova de sua incapacidade de promover o bem-estar social que deseja seu eleitorado não fanático (os 40 milhões que são apenas bosta n’água, e que votam como quem aposta no jogo do bicho, sem dar-se conta das mortes que há por detrás de algo tão “singelo”).

O laranjão na gringa foi derrotado, basicamente, pela ausência de uma política de cuidado com o povo quanto à ameaça da COVID-19. No Brasil, parece uma piada de mau gosto, além de não termos vacinas, nem seringas, nem mesmo um calendário ou qualquer outra estrutura para vacinação, ainda temos um Executivo que zomba das estratégias sanitárias de distanciamento e de higiene como ferramentas para evitar mortes.

Em vez de fazer memes “atacando” a figura do jerico fazendo coisas imbecis, devemos mostrar a quem queira ver que até hoje o desgraçado continua torrando milhões no cartão corporativo, sem dar satisfação ao povo de o que faz com o dinheiro.

Em vez de mostrar fotos da oferenda tóxica se jogando no mar, devemos mostrar números ou quaisquer dados que mostrem o quanto seu descaso está destruindo famílias e aumentando a pobreza, a miséria.

Claro que a mídia corporativa vai continuar reforçando a personagem caricata que tenta (e consegue) ganhar a simpatia do “povão” pela falta de respeito e pela violência; isso porque essa mídia também faz parte do bolsonarismo, é um elemento importante do “sistema” de criação da personagem escrota que afunda nações em tudo o que é feio e abjeto.

Cabe a quem queira derrotar essa doença, estancando tanto quanto possível sua metástase por todo o organismo social, aprender o que reforça a personagem e o que mina o administrador. A tarefa é dificílima, as probabilidades de o asno ser reeleito pelo voto legítimo são muito altas — não creio nem que ele precise recorrer a qualquer fraude para ficar mais quatro anos destruindo o país. Mas a luta é necessária, e não há como fugir dela, porque quem se junta à resistência não consegue nem pensar em deixar de resistir.

Que possamos aprender, rapidamente, a não dar mais visibilidade ao que fortalece o inimigo, e sim àquilo que pode despertar a ojeriza de quem é gado por ser vítima da manipulação, e não pela identificação com a truculência. E para estes últimos, devemos aprender a dar apenas desprezo, para que acabem por destruir-se dentro de seus próprios círculos de convívio.

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3 comentários
  • Kleber Responder

    Infelizmente acho que NADA vai mudar em 2022. Tenho medo até de que seja pior (vislumbrando aí um Dória, Moro, Luciano Huck – que nada mais são que um Bolsonaro de sapatenis, só um pouco inteligentes). Enquanto a esquerda brasileira não se unir, se organizar e fizer as alianças certas nada vai mudar. A esquerda não tem força no congresso. E o que fazem para combater o bolsonarismo além de levantar hashtags? Não vejo viés positivo de mudança para as próximas décadas no Brasil. Eu torço para que eu esteja errado. Abraço, amigo.

    • Kleber Responder

      Edit:

      No meu comentário anterior eu quis dizer que Dória, Moro e Huck são um “pouco mais inteligentes que Bolsonaro”. Faltou o advérbio de intensidade na frase, não estava enaltecendo a capacidade cognitiva desses três coxinhas. Só pra que fique claro… rs.

    • Janio Sarmento Responder

      Eu sou ainda mais pessimista. Acho que não vai ter eleição em 2022, e se tiver o resultado das urnas não será respeitado caso não dê vitória em primeiro turno ao candidato à reeleição. A esquerda pode fazer tudo certo que nem assim volta para o poder nesse país que vai virar uma daquelas republiquetas de filme enlatado, só que sem nenhum “foca” para vir destituir a ditadura na base da porrada.

Responder Janio SarmentoMenu

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