Eu me retiro do jogo de acusar
Estou tomando uma decisão e escrevendo aqui no blog para que fique documentada: estou oficialmente retirando-me do jogo de acusações que parece ter virado o convívio entre as pessoas em geral, dentro e fora da Internet. Estou ciente de que o “vício” ainda é muito forte, a tendência natural é permanecer no comportamento automático de desqualificar quem tenha valores diferentes dos meus (que é uma forma de soberba, caso alguém não tenha entendido ainda). E se você me vir cometendo algum deslize quanto a isso, por favor chame-me à atenção.
Se você … então é um idiota
O mote para essa decisão foi uma imagem compartilhada por um amigo no Facebook.

Como eu já falei, a primeira reação foi de concordar, apesar de eu nem saber quem é a moça da última foto: qualquer um que seja fã de Bolsonaro, Malafaia ou Feliciano eu consideraria um idiota. Qualquer um que sonhe em ver um sujeito outrofóbico e fascista no comando do Brasil eu consideraria um idiota.
Entretanto, ao fazer esse tipo de acusação — o que, em termos de maturidade, é equivalente a chamar as outras pessoas de feias bobas com cara de melão — em vez de ajudar a construir uma sociedade melhor a única coisa que eu estaria fazendo seria alimentar a animosidade e bater palma para maluco.
Assim, por não aguentar mais o jogo de acusação que fazem esquerdistas, direitistas, centristas e quase todo mundo no planeta, estou me retirando desse jogo. Estou renunciando ao possível papel de prestar queixas ou apresentar acusações. Meus valores e crenças mais profundos, única coisa com que me interessa viver de acordo, não corroboram esse comportamento obtuso.
Daqui para frente
Infelizmente não vou fingir estar no nível de tolerar placidamente pessoas cujas crenças impliquem desqualificar o outro (principalmente porque o outro sou eu, em última análise — mas isso é uma outra história, que deve ser contada em outra ocasião). Ou seja: vou silenciosamente continuar bloqueando aqueles cujo discurso ou comportamento me sejam ofensivos, até mesmo para preservar a minha sanidade.
A energia mental que até agora eu gastava acusando o outro, e que na verdade só servia para dar mais palco para aquilo de que desgosto, será usada para coisas construtivas e coerentes com meus valores e com minhas crenças. Em vez de lutar contra seja lá o que for, a partir de agora vou exclusivamente apoiar as causas que me representem.
Até porque cada um só pode dar aquilo de que está cheio o seu coração. Se os fascistas só dão ódio e intolerância é porque eles só têm isso para dar. A mim, cabe provar a mim mesmo que não sou o que desprezo. E enquanto eu não puder amar incondicionalmente de maneira legítima vou ensaiando um passo de cada vez: uma hora eu aprendo de vez.
Muito lúcido!
Mas ó… É difícil, viu?