O juramento da Ku Klux Klan
Esses dias apareceu no Facebook uma informação dando conta que o periódico da Ku Klux Klan (que todo mundo, creio, faz pelo menos ideia de o que seja) se chamava “Cidadão de Bem.”
A publicação no Facebook justamente comentava da “coincidência” de o jornal de uma sociedade secreta (nem tanto assim) conhecida por seus atos de terror, vandalismo e ódio ter o mesmo nome dessa entidade social de caracteres fascistas que tenta a todo pano tornar o Brasil isento de pobres, negros, e outras minorias.

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Breve Histórico da Ku Klux Klan
A “Klan” (ou o “Klan”, parece-me mais correto o artigo masculino) nasceu de uma brincadeira idiota de gente desocupada e tornou-se um câncer nos Estados Unidos, onde centenas de milhares de homens espalham o terror.
O Klan inspirou-se em preconceitos antigos, em ódios tornados tradicionais, em hábitos sociais invetereados. O Klan é uma doença; seus micróbios, como os do corpo humano, existem, de há muito no organismo social e a sua virulência seguiu ao enfraquecimento do tecido social.— John Moffatt Mecklin, Le Ku Klux Klan, pág. 17).
Segundo Harold W. Bryce a Ku Klux Klan é consequência apenas de um nacionalismo exageradamente exaltado que visave somente o estrangeiro em seu início, não tendo nada a ver com a presença dos negros especificamente. Mas ele está praticamente sozinho nesse discurso: a maioria dos autores discorda desta teoria.
A Ku Klux Klan foi e permanece sendo uma das mais ativas instituições contra os católicos, contra os judeus, contra os negros.Estes, o primeiro objetivo de sua animosidade, foram a causa da sua criação, em 1867. (Les Societés, en Europe et en Amérique, 121).
É indiscutível que o Klan surgiu como produto de uma explosão de exaltação nacionalista, e de um nacionalismo racial e religioso. Seus forjadores partiram de duas premissas falsas, insustentáveis:
- Os Estados Unidos deveriam ser um país de brancos. Os negros eram considerados destituídos dos direitos de cidadão.
- Os Estados Unidos eram um país essencialmente protestante, por consequência as demais religiões deveriam ser combatidas.

Em 1867 terminou a Guerra da Secessão, luta entre aqueles desejosos de libertar os “homens de cor” (como se chamavam os afrodescendentes naquele tempo) dos horrores da escravidão, e outros querendo manter o servilismo, regime em que todos os direitos eram desumanamente negados aos que não haviam nascido brancos.
Os do Sul falavam em Deus, mas escravizavam cruelmente os semelhantes.
Concluída a Guerra da Secessão e abolida a escravidão, foram concedidos direitos de cidadania àqueles cidadãos, inclusive o de votar.
A crise dos latifundiários
É claro que se os donos da terra lutavam pela manutenção do servilismo era por um único motivo: dinheiro. A mão de obra escrava é a mais barata que existe e com o fim deste regime os latifundiários viram-se envoltos em espantosa crise com o rápido declínio da produção, haja vista a escassez de braços para a lavoura.
Além disso, em muitos lugares os negros estavam em maioria numérica, o que lhes assegurava triunfo nas eleições, o que enfraquecia ainda mais a prepotência e os desmandos dos brancos.
Não sei se menos importante tinha também a questão religiosa, que para os protestantes tinha um aspecto bastante grave: em 1830 existiam nos Estados Unidos apenas 2309 igrejas católicas; os estrangeiros começaram a afluir aos Estados Unidos, muitos deles irlandeses fervorosos católicos: em 1867 já passava de 6.000 o número de templos católicos.
A União Protestante Americana
Foi desse descontentamento que surgiu o que hoje é o Partido Republicano nos Estados Unidos: a American Protestant Union. Em seu manifesto declararam imperiosa a necessidade de impedir o avanço das outras religiões em solo americano; eles diziam que “os Estados Unidos transformaram-se rapidamente em um hospital de leprosos, na colônia penal da Europa.”
A Know Nothing Party, sociedade de protestantes, surgiu. Segundo Harold W. Bryce é a origem da Klu Klux Klan.
A campanha eleitoral pôs em efervescência o Klan: com o fito de amedrontar os negros, numerosos grupos de homens de branco encapuzados, montados a cavalo. empunhando tochas, invadiam os redutos dos negros, demonstravam ferocidade e retiravam-se, deixando os negros estarrecidos. Diz-se que levavam esqueletos que faziam bailarinar apavorantemente. Pediam água para beber e consumiam uma quantidade incrível, fazendo-a desaparecer em recipientes de borracha colocados sob os camisolões brancos que vestiam.
Daí a passar para as ações ainda mais criminosas foi um passo. Qualquer “falta” cometida por um negro servia como pretexto para que os homens do Klan fossem buscá-lo para puni-lo: chicoteavam-no, linchavam-no, deixando-o atrozmente morto de pancada.
Tamanhas as atrocidades cometidas pelo Klan que o governo resolveu intervir. Em 1871 foi votada uma lei contra a sociedade, que se tornou um agrupamento de assassinos, e o Senado designou uma comissão de inquérito.
Aparentemente, e bota aparentemente nisso, foi extinta a Klu Klux Klan.
O juramento da Ku Klux Klan

A comissão de investigação do Senado norte-americano conseguiu descobrir o juramento que os membros da instituição faziam:
Eu… diante de Deus todo poderoso, juro solenemente que não revelarei por declaração: sinal, símbolo, ato ou palavra ou qualquer outro modo, nenhum dos segredos, sinais, cumprimentos, palavras de passe, mistérios ou propósitos do… e não farei ninguém saber que sou um membro deles.
Em outra fórmula de juramento constava o seguinte:
Qualquer membro que divulgar ou for causa de serem divulgadas algumas de suas obrigações será julgado e sofrerá o castigo como traidor, que é morte! Morte! Morte!
Com a palavra, o leitor.
Fonte: As Sociedades Secretas, A. Tenório d’Albuquerque, 1957.
Um resumo triste, mas importante. Obrigado.